Cartas do Evangelho

Prefácio



Ouve, amigo!

As “Cartas do Evangelho” são vendidas em benefício da Casa da Criança, que Jesus nos auxiliou a fundar, em Campos, para recolher os pequenos desvalidos.

Quem as escreveu foi Casimiro Cunha, valoroso discípulo de Jesus e devotado amigo do Plano espiritual. São, pois, notícias de um irmão carinhoso, que se elevou a uma Esfera mais alta pelos seus méritos morais e valores puros do sentimento.

Estas cartas, portanto, são uma correspondência do Céu. Seu preço pode, assim, representar o de uma taxa comum, como a dos selos do mundo, sobre a mensagem de um coração distante e amigo. E no caso presente a moeda despendida é a moeda do Céu, porque nos mundos purificados todos os bens são adquiridos pelo valor sagrado e definitivo da virtude.

Vê, pois, leitor amigo, que a sua cooperação material será convertida em agasalho e proteção para os órfãozinhos.

Todavia, não desejo referir-me tão somente à finalidade do selo, que é proveitosa e justa, mas também à significação destas cartas e ao seu substancioso conteúdo.

A presente mensagem, tão simples na sua rima e tão grande na sua expressão ideológica, é o amoroso convite ao banquete do Evangelho. Inicia a sua leitura e medita. Elas falam de suas necessidades, de suas esperanças e de seus sofrimentos. Esclarecendo as suas dúvidas, lhes iluminam, balsamizando as feridas que sangram dentro dalma, aliviando o coração. Sobretudo, estas cartas preparam o seu espírito para sentir e compreender melhor o ensinamento d’Aquele cujas palavras não passarão. Seus conceitos aclaram o raciocínio e edificam o sentimento, no esforço sagrado da iluminação, e bem sabe que a maior necessidade do homem é justamente a de luz espiritual para se identificar com o Cristo.

Pode vacilar, ante as minhas afirmativas, alegando a preparação do mundo que lhe educou as energias e lhe concedeu possibilidades materiais, as mais vastas, para enfrentar corajosamente as lutas edificadoras da vida. Mas, é indispensável considerar que sem os valores íntimos, toda preparação do mundo torna-se ilusória. Somente na adversidade e nos perigos pode o espírito dar testemunho de sua edificação definitiva. E, na Terra, chegam sempre, tarde ou cedo, as horas do fracasso, da prova ríspida ou da separação.

Tem consciência de que se encontra realmente preparado, em face das surpresas do caminho? Estará recebendo todas as dores como um bem? Está convicto da execução de todos os seus deveres?

Se vacila, examina o conteúdo destas cartas e ouve-lhe os apelos.

Na palavra do apóstolo Mateus (7:24-27), Jesus nos fala do homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha, tornando-a inacessível à ação destruidora das chuvas, das torrentes e dos ventos que desabam sobre o mundo.

Um dia, as chuvas das lágrimas, as torrentes das paixões e os ventos das desventuras virão sobre essa casa que é o símbolo do coração. E feliz aquele que a houver construído sobre a rocha da fé viva.

Recebe, pois, meu amigo, as Cartas do Evangelho e medita. Mais do que as minhas palavras desvaliosas, elas lhe falarão do Divino Mestre, com mais calor e sabedoria, ao âmago do espírito.

E desejando-lhe todo o bem, termino aqui com o mesmo apelo fraternal do esclarecido autor destas páginas:


“Busca vibrar no Evangelho,

Reforma-te, sem alarde.

Atende agora. Amanhã,

Talvez seja muito tarde.”


Nina Arueira


15 de março de 1940.