Casimiro Cunha
Meu amigo, eu te desejo Aquela paz do Senhor Que transforma as amarguras Em santas preces de amor.
Nosso Pai ouve a oração De tua grande ansiedade, Como te vê no caminho De dor e dificuldade.
Espera serenamente.
Não obstante a aflição;
Deus é um Pai que não dá pedras Ao filho que pede pão.
Nos dias angustiados.
De desencanto e doença, O homem deve apurar As luzes de sua crença.
—"Socorrei-me, meu Senhor!. . .
Ai! como tarda o consolo No dia de minha dor!. . .
Mas, não lembraste a oração Com tanta solicitude, Nas horas irrefletidas Em que arruinaste a saúde.
A incontinência teimosa Na rebeldia e no gozo, Pode ter vindo de outrora, Do passado tenebroso.
Porque esta vida de agora É somente uma fração De teu trabalho à procura Dos mundos da perfeição.
Nos teus ais, nos teus soluços, Do corpo dilacerado, Recorda que a dor existe Para a luz de um fim sagrado.
Se teu mal é longo e rude, Renovando-te aflições, Ele é a válvula divina Que escoa as imperfeições.
Se a moléstia é passageira, Tem cuidado na existência;
A dor física, por vezes, Não passa de advertência.
De qualquer forma, porém, Sê paciente e sê forte, Inda que sintas contigo O augúrio triste da morte.
Acima dos preparados Que visam a tua cura, Põe o remédio divino Da fé milagrosa e pura.