Casimiro Cunha
Estás moço, meu amigo, E a estrada da juventude É um sonho alegre e florido De esperança e de saúde.
Tudo, em redor de teus passos, É vigor e fortaleza, Entusiasmos felizes Nas bênçãos da natureza.
É nessa fase da vida Que, muita vez, a ilusão Trabalha como um veneno Às forças do coração.
Que a experiência do velho Seja em tudo o teu espelho.
A luz dos cabelos brancos É um carinhoso conselho.
Que a tua impulsividade Se inutilize ou se torça;
Todo o mal da mocidade É dominar pela força.
O engano de quem é moço É a pretensão de poder, Vendo embora que a questão, Antes de tudo, é saber.
Alguém já disse no mundo, Perante os impulsos teus, Que a mocidade feliz É uma inimiga de Deus.
É que o jovem, meu amigo, No anseio de dominar, Destrói com toda a imprudência Sem saber edificar.
Não dispenses o velhinho Que, humilde, te estende a mão;
Sua palavra tranquila É luminosa lição.
Recordo-te, nesta carta, Um raciocínio profundo.
Sem que o velho houvesse andado, Não marcharias no mundo.
Acata-o, raciocinando Que, um dia, serás assim, Desiludido e cansado Quando a prova for ao fim.
Planta o bem no teu caminho.
Não fujas à caridade.
"Quem semeia ventanias Colhe a dor e a tempestade".
Guarda a fé. Ora e confia.
A paz há de ser-te imensa.
Se, entre as sombras da velhice, Tiveres a luz da crença.
A mocidade do mundo Passa, às vezes, no imprevisto.
Mas tê-la-ás, pura e eterna, Se andares com Jesus Cristo.