Casimiro Cunha
Em casa, a lâmpada acesa, Singela e despercebida, Constitui lição patente Das mais nobres que há na vida.
Contra a noite escura e espessa, Que se espalha e reproduz, Envolve-se de energia, Resplandece e traz a luz.
Seu trabalho é grande e simples, Difundindo o sol do bem.
Não discute, não pergunta, Dá sempre, não olha a quem.
Ilumina o gabinete De pesquisa ou leitura, Como aclara a agulha humilde Da máquina de costura.
Envolve com a mesma luz A velhice, a enfermidade A infância, a alegria, a dor, E os sonhos da mocidade.
Há tumultos, há prazeres?
Amarguras, agonia?
Se não sofre violência, Eis que a lâmpada irradia.
Serena, silenciosa, Não se aflige, não consulta, Nada pede, além da força Que lhe vem da usina oculta.
Revela todo detalha, Sem contendas, sem perigo.
A sua demonstração É o foco que traz consigo.
Não exige condições Por servir e iluminar, E define seu ruído Cada coisa em seu lugar.
Pensemos em nossa glória Quando formos, irmãos meus, Como lâmpadas do Cristo Na usina do amor de Deus.