Casemiro de Abreu Pelo bem da roupa limpa Não se esqueça a criatura Dos serviços que custou O esforço da lavadura.
Raramente se recorda, Na tarefa rotineira, O trabalho, o sacrifício Do campo da lavadeira.
Porque, em verdade, a tarefa, Inclui disciplina e dores, Não se lava roupa suja, Usando perfume e flores.
Por limpar-se no caminho Necessário à experiência, Não foge à imersão completa Nas águas da Providência.
Não dispensa o gosto amargo Do concurso do sabão, Alijando-se a bagagem De sujidade ou carvão.
Passado o atrito da esfrega, Que impõe cansaço e aspereza, Transporta-se ao coradouro, Apurando-se a limpeza.
Depois, é a volta bendita, à água cariciosa, Que atende à saúde humana, Com bênçãos de mãe bondosa.
Qualquer recurso ao lavar, Com sabão ou corrosivo, Requisita paciência, Vigilância e esforço ativo.
O serviço dessa ordem Faz lembrar ao pensamento A lavadura precisa Às roupas do sentimento.
Vivamos tranquilamente, Sem olvidar, entretanto, Que nossa alma necessita Lavar-se em suor e pranto.