Cartilha Da Natureza. A Criação

CAPÍTULO 31

A LAVOURA



Casemiro de Abreu Pelo bem da roupa limpa Não se esqueça a criatura Dos serviços que custou O esforço da lavadura.

Raramente se recorda, Na tarefa rotineira, O trabalho, o sacrifício Do campo da lavadeira.

Porque, em verdade, a tarefa, Inclui disciplina e dores, Não se lava roupa suja, Usando perfume e flores.

Por limpar-se no caminho Necessário à experiência, Não foge à imersão completa Nas águas da Providência.

Não dispensa o gosto amargo Do concurso do sabão, Alijando-se a bagagem De sujidade ou carvão.

Passado o atrito da esfrega, Que impõe cansaço e aspereza, Transporta-se ao coradouro, Apurando-se a limpeza.

Depois, é a volta bendita, à água cariciosa, Que atende à saúde humana, Com bênçãos de mãe bondosa.

Qualquer recurso ao lavar, Com sabão ou corrosivo, Requisita paciência, Vigilância e esforço ativo.

O serviço dessa ordem Faz lembrar ao pensamento A lavadura precisa Às roupas do sentimento.


* * *

Vivamos tranquilamente, Sem olvidar, entretanto, Que nossa alma necessita Lavar-se em suor e pranto.