Casimiro Cunha
O relógio é o grande amigo Na vida da criatura;
Acompanha-lhe a viagem Desde o berço à sepultura.
Metódico, dedicado, Movimentando os ponteiros, Marca os risos infantis E os gemidos derradeiros.
Revela oportunidades, Mostra a bênção do minuto, Indica tempo à semente, Como indica tempo ao fruto.
Mas de todos os relógios Que atendem cheios de amor É justo salientar O amigo despertador.
Quando alguém dorme ao cansaço, Ele vibra, ajuda e vela, Ritmando o tique-taque, Tem coisas de sentinela.
Na hora esperada e justa, Pontual, invariável, Chama à luta o companheiro Em bulha desagradável.
O seu barulho interrompe O repouso desejado, Acorda-se quase à força, Levanta-se estremunhado.
Mas, somente ao seu apelo, Há lembrança dos serviços, Buscando-se incontinenti A zona dos compromissos.
Assim, na vida comum, Nas lutas de redenção, Todo o tempo é precioso Em qualquer situação.
Mas o tempo que nos fere, Em provas, serviço e dor, É o melhor de todos eles, É o nosso despertador.