Casemiro Cunha
Nos movimentos da agulha, Nas tarefas do tear, O fio é muito importante Na base de todo lar.
Pouca gente lhe observa Os valores, vida em fora;
Na verdade, é companheiro Nas lutas de cada hora.
Humilde, tênue, singelo, Às vezes quase impalpável, Para o pobre, para o rico, É matéria indispensável.
Existe em padrões diversos, No algodão, em seda, em lã, E entre as dádivas do mundo E’ sublime talismã.
E’ bênção do amor de Deus, Que acompanha a criatura Nos campos do mundo inteiro, Desde o berço à sepultura.
Entretanto, é alguma coisa Muito frágil, muito leve, Cuja trama delicada Nosso lápis não descreve.
Por ele, milhões de seres, No espírito do trabalho, Encontram caminho e vida, Luz e paz, força e agasalho.
Olha o fio pobre e simples!
Que lição útil e bela!. . .
E’ tesouro do caminho, Mas parece bagatela.
Observando-o, recordo As glórias e fins supremos, Do tempo que é luz divina, Neste instante que vivemos.
O segundo é gota humilde, O século é vasto rio . . .
Vive em Deus cada momento Que o minuto é nosso fio.