Cartilha Da Natureza. A Criação

CAPÍTULO 75

O INCÊNDIO



Casimiro Cunha

Elevam-se labaredas. . .

O fogo ameaçador Foi centelha, mas agora É incêndio devorador.

Ninguém lhe conhece a origem Obscura, nebulosa, Ninguém sabe onde se oculta A mão rude e criminosa.

A fogueira continua Buscando mais alto nível, Aumentando de extensão Quando ganha em combustível.

Estalam antigos móveis, Prosseguem a destruição;

Em torno anseio infinito, Amarga desolação.

Língua rubra, formidanda, Varre agora a cumieira.

Toda a casa se esboroa. . .

Sob a ação dessa fogueira.

Desdobra-se o nobre esforço De amparar e socorrer, A bondade põe-se em campo, Ciosa do seu dever.

Entretanto, embora o auxílio Dos trabalhos de emergência, A nota predominante É o carvão da experiência.

Assim é o mal neste mundo: A princípio, sem que doa, Envolve a perversidade Em forma de coisa a toa.

Depois, é o braseiro extenso, O furor incendiário, Que atinge distância enorme Com a lenha do comentário.

Vigia-te a cada instante, Atende, pensa, examina!

Todo incêndio começou Na fagulha pequenina.