Casimiro Cunha
Nas bênçãos de paz da noite, Talvez a maior beleza Seja o luar que se espalha Na vida da Natureza O campo dorme em silêncio, E o luar na estrada em flor Distribui com toda a planta O orvalho confortador.
Do céu alto manda brisas Alegres e perfumadas Beijar as folhas mais pobres, Tristonhas e abandonadas.
Por todo o lugar desdobra Sua luz aberta em palmas, Afagando as esperanças Do divino amor das almas.
Em toda parte onde exista O anseio de um coração, Ensina o carinho amigo Do alfabeto da afeição.
Desde os tempos mais remotos, O luar, pelas estradas, Foi tido como padrinho Das almas enamoradas.
Ao nosso ver, todavia, Nas grandes lições do mundo, Sua imagem representa Simbolismo mais profundo.
Sua luz mantém na noite A mais nobre das disputas, Não cedendo à treva espessa As posses absolutas.
Entre os homens deste mundo, O mal, o crime e o ateísmo Tudo ensombram provocando A noite de um grande abismo.
Mas a esperança resiste E acende na noite imensa.
A luz clara e generosa Do eterno luar da crença.