Casimiro Cunha
O doente neste mundo, Que deseje melhorar, Jamais encontra remédio Saboroso ao paladar.
Por ministrar reconforto, Fazendo caminho à cura, O melhor medicamento Tem ressaibos de amargura.
Todo enfermo esclarecido, De senso nobre e louvável, Já sabe que seu remédio Tem gosto desagradável.
Se a memória é renitente, Mais áspera e mais revel, A justa medicação Amarga, sabendo a fel.
Por vezes, a beberagem Não basta à restauração, É preciso o bisturi Na zona de intervenção.
Contra o campo infeccioso, Providência compulsória, Angústias do pensamento Sobre a mesa operatória.
Há remédios variados: Purgante, choque, sangria, Compressas e pedilúvios, Recursos de cirurgia.
Sempre o fel do sofrimento Amigo, reparador, Tortura que retifica A dor que remove a dor.
Se é grande o sacrifício No campo da cura externa, Pondera sobre o equilíbrio Necessário à vida eterna.
Nos dias de grandes dores, Vive a fé, guarda-te em calma.
Grandes males no teu corpo São remédios na tua alma.