Cartilha Da Natureza. A Criação

CAPÍTULO 91

O REMÉDIO



Casimiro Cunha

O doente neste mundo, Que deseje melhorar, Jamais encontra remédio Saboroso ao paladar.

Por ministrar reconforto, Fazendo caminho à cura, O melhor medicamento Tem ressaibos de amargura.

Todo enfermo esclarecido, De senso nobre e louvável, Já sabe que seu remédio Tem gosto desagradável.

Se a memória é renitente, Mais áspera e mais revel, A justa medicação Amarga, sabendo a fel.

Por vezes, a beberagem Não basta à restauração, É preciso o bisturi Na zona de intervenção.

Contra o campo infeccioso, Providência compulsória, Angústias do pensamento Sobre a mesa operatória.

Há remédios variados: Purgante, choque, sangria, Compressas e pedilúvios, Recursos de cirurgia.

Sempre o fel do sofrimento Amigo, reparador, Tortura que retifica A dor que remove a dor.

Se é grande o sacrifício No campo da cura externa, Pondera sobre o equilíbrio Necessário à vida eterna.

Nos dias de grandes dores, Vive a fé, guarda-te em calma.

Grandes males no teu corpo São remédios na tua alma.