Na Terra, muitas vezes, aguardamos a passagem da desencarnação para o ingresso ao paraíso, esquecendo na vizinhança a oportunidade de construir o Céu pela implantação da verdadeira fraternidade.
Em muitas ocasiões, suspiramos pela presença dos anjos recusando os mais ínfimos exercícios de compaixão e bondade, a benefício de outrem.
Habitualmente, rogamos o amparo divino, sem ceder um milímetro de nosso conforto humano e, quase sempre, reclamamos a bênção dos instrutores espirituais cerrando a porta de nossas almas aos que nos suplicam entendimento e perdão.
É imprescindível, porém, recordar que ninguém precisa morrer na carne para ressurgir na atitude.
O sol renascente, cada manhã, ensina-nos, em silêncio, que a vida começa todos os dias e que em todos os dias é possível refazer o destino pela reparação voluntária de nossos próprios erros.
Aprendamos a fazer luz no íntimo de nós mesmos, através do estudo nobre e a corrigir nossos males pelo serviço do bem constante.
Saibamos edificar, segundo o amor claro e simples, e perceberemos, em cada instante, o nosso ensejo de cooperar em favor dos outros.
Dispõe-te a semelhante mister e não encontrarás no campo em que jornadeias senão companheiros de esperança e de luta, mendigando-te o coração.
Enxameiam aqui e ali, aflitos e desditosos, ainda mesmo quando se te afigurem dominados de orgulho ou envilecidos na vaidade. Não lhes agraves a dor estendendo as sombras que lhes obscurecem as horas.
Foge à reprovação que aniquila, evita o sarcasmo que envenena, esquece a exigência que desfigura e abstém-te da acusação que vergasta…
Lembra-te de que a todos nós cabe o dever do auxílio para que sejamos auxiliados.
E, reparando, incessantemente, o mal que outrem provoque, estarás restaurando o próprio caminho que, limpo e renovado, deixará passar, em teu socorro, a luz do bem eterno, de que ninguém prescinde na ascensão para Deus.