Não te apegues à expressão literal da lição de Jesus quando nos exorta a buscar os irmãos infelizes, toda vez que estejamos à frente de mesa lauta. (Lc
Nem sempre conseguirás reunir companheiros de luta em ágapes festivos; entretanto, é imperioso recordar que o Sol, a cada dia, te descerra à existência todo um banquete de soberana alegria.
Cada manhã, alongas teus braços na exaltação do calor e da vida, pensas em harmonia com o justo discernimento, usas o verbo na expressão dos desejos mais íntimos e, sobretudo, podes estender o próprio sentimento em forma de carinho e compreensão.
Lembra-te dos coxos de raciocínio, dos famintos de entendimento, dos desesperados de espírito, dos encarcerados da aflição, dos torturados da ignorância, dos estropiados da alma, dos aleijados da fé e dos mendigos de luz.
Não te afastes deles, a pretexto de conservar a virtude, nem lhes recuses lugar à mesa de teu amor.
São flores que o incêndio das paixões crestou no solo da Terra, antes que pudessem frutificar nos melhores sonhos, harpas quebradas nos caminhos do mundo, antes que mãos benevolentes e sábias delas conseguissem arrancar a melodia da eterna beleza.
Mais do que os teus afins, esperam-te o concurso para que se refaçam, ante as Bênçãos do Céu.
Levanta-te ao lume do alvorecer, ofertando aos menos felizes o repasto de tuas próprias consolações e, quando o crepúsculo te venha cerrar os olhos, adormecerás, exultante de paz, nos braços invisíveis do Amigo Eterno, que transformou a própria cruz num sólio de esperança e perdão para alçar-se, em suprema vitória, ao coração das estrelas.