Lembra-te da caridade da palavra, a fim de que possas praticar o amor que o Mestre exemplificou.
As guerrilhas da língua, há séculos, exterminam mais vidas na Terra, que todos os conflitos internacionais.
Há sempre uma lavoura extensa de trabalho regenerativo e santificante no mundo, à espera do verbo que se inflama, não só de verdade e franqueza, mas, também de compreensão e carinho…
É pelos sinais escuros da língua que levantamos os monstros da calúnia e as feras da discórdia nas furnas de treva a que se acolhem…
É por ela que multiplicamos os lagartos da inveja e os vermes da maledicência…
Através dela, espalhamos os tóxicos letais da indisciplina e da desordem e é ainda, por intermédio da espada verbalística, que provocamos as grandes hecatombes do sentimento invariavelmente expressas nos crimes passionais que envenenam o noticiário comum.
Aprendamos a praticar a sublime caridade oculta que somente a língua pode realizar.
A pergunta inoportuna contida a tempo, a observação ingrata que emudece a propósito, a frase amiga com que podemos soerguer os irmãos transviados, a desistência da queixa, a renúncia às discussões estéreis e o abandono de apontamentos irrefletidos, são expressões dessa bondade que a boca pode estender sem que os outros percebam.
Sobretudo, não olvides os tesouros encerrados no silêncio e procura com devoção incorporá-los ao teu modo de ser, a fim de que o teu verbo não se faça sentir fora de tempo.
Quando nosso coração acorda para os ideais superiores do Evangelho, a nossa inteligência adquire preciosos serviços de auto-fiscalização.
Conduzamos nossa língua a esse trabalho renovador da personalidade e passaremos a viver em novo campo de simpatia, irradiando o bem e recebendo, enriquecendo aos outros e engrandecendo a nós mesmos, na abençoada ascensão para a Luz.