Larga soma de tempo gastamos habitualmente na Terra, na inglória tarefa de fiscalizar a execução do dever que compete ao arbítrio e à possibilidade dos outros.
Observados exigentes dos poderes públicos, sabemos reprová-los com veemência, salientando-lhes as omissões e defeitos. . .
Promotores de acusação desleal e gratuita, não vacilamos em agravar as faltas alheias, imprimindo-lhes criminosa feição para que se convertam em notícias escandalosas. . .
Críticos sistemáticos, estamos prontos a pré-julgar, comentando sem compaixão os infortúnios do próximo, dilatando-lhes a extensão, por expor-lhe as mazelas à desconsideração e ao ridículo. . .
Inquisidores risonhos nunca faltamos ao veneno sutil da maledicência na taça da conversão doentia, enevoando o caminho daqueles que nos rodeiam. . .
E sempre que instados a destacar os "tempos novos" ou fixar diretrizes religiosas, proclamamos a crise moral do povo e o apodrecimento da Humanidade. . .
Todavia, se realmente nos propomos a cooperar no trabalho reconstrutivo, confiemos o coração e a inteligência ao desempenho do dever em que a Bondade de Deus nos situa na ordem moral da existência, sabendo que quanto mais alto se nos levanta o conhecimento, mais ampla se nos revela a obrigação de servir, de vez somente ao preço de nossa fidelidade ao dever corretamente cumprido, é que chegaremos a fazer bastante luz para que a Terra se erga à condição de mundo melhor.