Muitas vezes, enquanto na Terra, sentimo-nos vitimados pelo destino e clamamos pela justiça do Céu. Se a aflição, porém, te constringe a garganta qual golilha de brasas, contempla, em torno, aqueles que conhecendo a Lei, abusam das faculdades e talentos que a vida lhes emprestou e estendem, ao redor do caminho, o pranto da desolação e o hálito da morte.
Observa os que acumulam dinheiro criando os tormentos da fome, os que se valem do poder temporário implantando a revolta e a penúria, os que aproveitam a inteligência para ferir e os que mobilizam a mocidade, instilando no próximo o desencanto e a loucura…
Repara como sorriem agora qual se o mundo lhes pertencesse, entretanto, amanhã, fanar-se-lhes-á repentinamente do domínio para encontrarem, de frente, a necessidade do reajuste nos institutos da Contabilidade Celeste.
Identificas hoje, quais se mostram, e lembra-te de que talvez foste também assim no pretérito — no pretérito que a Misericórdia de Deus te permite transitoriamente esquecer…
Recorda que também acionaste ouro e autoridade, raciocínio e beleza para flagelar e humilhar, chagar ou denegrir e aceita no presente o cálice de amargura, por remédio feliz, capaz de lavar-te o ser, para a alegria da luz.
Não rogues justiça nos dias de tua dor e sim aumento de compaixão nos tribunais da Divina Sabedoria, restaurando a ti mesmo, para seguir à frente, valoroso e sereno, na própria redenção ante a Bênção da Lei.