…e o Amor Continua

Capítulo III

Cláudio Luiz de Oliveira



BIOGRAFIA


Cláudio Luiz de Oliveira era filho do Sr. Manoel José de Oliveira e de D. Celeste Terezinha de Oliveira, havendo nascido em Uberaba-M.G., no dia 17.05.1958 e desencarnou na cidade de S. Paulo, no dia 09.09.1979, vitimado por acidente de automóvel.

Era cristão, jovial, meigo, extrovertido, gostando de fazer brincadeiras, assim granjeando grande número de amigos. Irradiava simpatia e cultivava caridade junto a quantos lhe solicitavam ajuda.

Nunca os seus pais receberam reclamações por faltas que ele houvesse cometido.

Tinha iniciativa e grande acuidade para descobrir as coisas, sempre tomando decisões acertadas.

Gostava de música, esportes e carros, sendo cuidadoso com a aparência.

Já cursava o 2.° Ano de Administração de Empresas e trabalhava no Banco do Estado de Minas Gerais S/A, Agência Faria Lima, na cidade de São Paulo.

Sobre a página psicografada por Francisco C. Xavier, assim se expressa D. Celeste Terezinha, presente à reunião do Grupo Espírita da Prece, onde a mesma foi recebida:


DEPOIMENTO DA FAMÍLIA


“Foi como se meu filho estivesse voltando para mim, através das mãos abençoadas de Chico Xavier. Diante das verdades que iam surgindo durante a leitura, fui tomada por uma emoção muito grande e as lágrimas correndo em meu rosto, tornavam-me, ao mesmo tempo feliz, por receber notícias que me confortavam, restaurando-me a tranquilidade e a esperança de reencontrá-lo.”


PENSAMENTO DE CLÁUDIO LUIZ (ENCARNADO)


Para que o leitor possa avaliar das qualidades morais e culturais de Cláudio Luiz, transcrevemos um texto escolar que desenvolveu, na disciplina de Português (Comunicação e Expressão):

“Muitas vezes, nesta vida, é preciso errar para descobrir qual o caminho a seguir.

Sabemos que algo é errado, porque todos dizem que é errado, no entanto, queremos aprender por nós mesmos.

Uma coisa é certa: a cada erro, uma experiência e, a cada experiência mais um conhecimento obtido. Assim é a estrada da vida, que só termina quando estiverem em nossa volta rezando por nós.

Nunca paramos de aprender; desde o nascimento ao fim estamos aprendendo alguma coisa. É óbvio que um homem de 60 anos tem um conhecimento superior ao de um rapaz de 15 anos.

Como há um fim e estamos constantemente adquirindo conhecimentos, é certo dizer, então, que nunca conseguimos alcançar a plena sabedoria.”


O tema da redação era:

“Na medida em que aprendemos de nossos erros, nosso conhecimento aumenta, mesmo que jamais possamos alcançar a certeza do saber.” Karl R. Popper — (Filosofia da Ciência — n. Viena 1902)



Querida mamãe Terezinha, peço ao seu coração continue me abençoando.

Associando-a com o papai neste comunicado breve, estou a me lembrar de que havia prometido a mim próprio que, se viesse primeiro para a vida Espiritual, lhe daria minhas notícias com o apoio do nosso amigo Doutor Bezerra e hoje cumpro este voto e mãe querida, esse nosso benfeitor me embalou nos braços, assim que despertei do sono pesado do qual fui acometido no acidente.

Na hora grave, não tive muita noção do que sucedia. Estava assustado demais para dar conta do acontecimento. O barulho enorme e o choque generalizado me abateram de uma vez. Sei apenas que caí e nada mais.

Quando despertei no hospital a que me conduziram, julguei que o corpo unicamente recebera alguns estragos e escoriações mas, pouco a pouco, vim a compreender com o auxílio do Doutor Bezerra e de meu avô Luiz que o corpo danificado em caminho é que era a roupa servida de que me cabia esquecer.

Ao senti-la chorando por minha causa, muito grande foi o meu desajuste pois verifiquei que estávamos ligados um ao outro por um fio, cuja existência eu sentia por dentro de mim, ignorando como demonstrá-lo. Apesar de minha inexperiência, orei muito e continuo nessa prática, a fim de desejar a sua paz e a tranquilidade do papai Manoel e do José Luiz. Mamãe, vou contar ao seu coração o que aconteceu. Não fique triste com seu filho.

Eu estava correndo mais do que devia. Pensava em conquistar estrada e engolir a paisagem, e fui vítima de minha própria desatenção, que o resultado todos sabem. Creia que amigo algum desempenhou o papel de companheiro da onça, em meu prejuízo. Soube aqui que alguém num carro me seguia, percebi, mas isso não era novidade. Notar competidores na retaguarda era um hábito. Fiquei a imaginar que algum amigo quisesse atravessar fechando os meus avanços e quase decolei.

Ninguém julgue que eu estivesse no domínio das bolas. Isso não. Havia apenas sorvido um gole pequeno de um aperitivo inocente, no entanto desconheço como é que aquilo me encorajou tanto para a inconveniência em que me vi, desprezando o freio.

O ponto de parada era naquele em que o veículo percebeu os sinais primeiro do que eu.

Agora, vamos pensar em renovação. Com a sua serenidade e a sua coragem, estarei melhor e mais forte. Perdoe-me se não andei no caprichado. Se tenho um pesar é só esse, o de imaginar os pais queridos conflitados por minha causa, entretanto, querida mãezinha, conto com a sua compreensão e tolerância. Nosso caro José Luiz ficou a reclamar-nos cuidado e carinho e sei que o irmão fará em casa a felicidade que não consegui realizar. Mas vou aprender a ser útil e fique na certeza de que saberei auxiliá-la e ser o seu companheiro de sempre, embora me encontre na dimensão diferente em que me reconheço.

Querida mãezinha Celeste, abençoe-me como sempre e creia que o meu novo dia está clareando com o seu carinho e com o seu entendimento. Ao meu pai e ao irmão, com todos da família, as minhas lembranças e, com a sua dedicação fica hoje, como sempre, o imenso amor com todo o reconhecimento de seu filho, sempre o seu,

Cláudio Luiz de Oliveira

12.07.1980


IDENTIFICAÇÕES


(1) Mamãe Terezinha — D. Celeste Terezinha de Oliveira, mãe de Cláudio Luiz.

(2) O barulho enorme e o choque generalizado — Refere-se ao acidente de carro que lhe roubou a vida física, em 09.09.1979.

(3) Avô Luiz — Trata-se do Sr. Luiz Bazaga Marinho, bisavô do comunicante e considerado como pai de D. Celeste, desencarnado em 1959, em Uberaba, M.G.

(4) Papai Manoel e do José Luiz — Referência ao genitor Sr. Manoel José de Oliveira e irmão único José Luiz,de Oliveira.

(5) Domínio das bolas — Cláudio Luiz não usava qualquer tipo de estupefaciente.


EXPLICAÇÃO


Conforme elucidamos na página referente à mensagem de , Divaldo Franco psicografou, na mesma noite, a segunda carta à sua mãezinha, ditada por Cláudio Luiz.

Divaldo não conhecia D. Celeste Terezinha, nunca havendo tido qualquer contato com a referida senhora, nem mesmo sabendo da sua presença naquele local, durante a reunião.

Aquele sábado fora abençoado em atividades no “Grupo Espírita da Prece”, como ocorre todas as semanas. Fora realizado, à tarde, o Culto da Assistência aos necessitados com a presença de Chico Xavier e a palavra de Divaldo comentando o Evangelho.

À noite, procedia-se ao encerramento da tarefa, quando ambos os médiuns psicografaram diversas mensagens, entre as quais a de Cláudio Luiz.

Sobre a legitimidade do seu conteúdo, assim se refere a genitora do comunicante, D. Celeste Terezinha:


DEPOIMENTO DA FAMÍLIA


“Naquela tarde foi a primeira vez que vi o Sr. Divaldo, pois apenas já tinha ouvido falar dele, embora sempre tivesse um enorme desejo de conhecê-lo. Naquele dia tinha ido ao encontro do Chico Xavier, em busca de uma notícia de meu filho Cláudio Luiz, desencarnado em 09/09/1979, e estando com o Chico, pedi-lhe que desse uma notícia de meu filho e ele me respondeu com aquela bondade que lhe é peculiar: “Minha filha, se dependesse de mim eu contrataria uma meia dúzia de psicógrafos para atender todas as mães, pois ainda na semana passada tinha aqui mais de 80 delas aflitas”.

Então, eu me encontrava na casa do Chico, sentada de frente a um quadro de Jesus Cristo, e com toda a fé pedi a Jesus que permitisse ao Dr. Bezerra que trouxesse meu Cláudio para me dar uma notícia e continuei por muito tempo e com bastante fé rezando e pedindo a Jesus.

Da casa do Chico fomos para o Centro e fui sentar ao lado de cinco irmãs que se encontravam no último banco e comecei a conversar com uma delas, quando ela me perguntou se eu conhecia o Sr. Divaldo. Eu disse que não, mas que gostaria muito de conhecê-lo. Ela continuou a falar sobre o Divaldo e sua obra, através da “Mansão do Caminho” quando, de repente, ela me diz: “Olha, D. Celeste, o Sr. Divaldo está chegando” e eu olhei em seguida para ele que entrava. Quando os trabalhos já tinham começado, logo ele sentou-se à mesa. É importante dizer que eu não sabia que o Sr. Divaldo também psicografava e recebia mensagens e, então, quando ele sentou e nem chegou a conversar com o Chico, pois os trabalhos já tinham se iniciado; pedi e implorei a Deus que permitisse ao meu filho mandasse uma notícia pelo Chico, ou pelo Divaldo, que eu ficaria grata e satisfeita. De repente, o Divaldo começou a psicografar e não sei porque tive a sensação que ele estava recebendo uma mensagem de meu filho, e qual não foi a minha surpresa e alegria quando, ao terminar, ele me chamou à mesa e começou a ler a mensagem que havia recebido de meu filho.

E volto a dizer das verdades incríveis contidas na mensagem, principalmente sobre a personalidade de meu filho José Luiz e de meu marido Manoel, pessoas que o Sr. Divaldo nunca tinha visto e nem mesmo ouvido falar, como também de fatos narrados na mensagem que o Sr. Divaldo jamais teve conhecimento.


…A emoção que senti quando recebi a segunda mensagem de meu querido filho Cláudio Luiz, psicografada pelas mãos também abençoadas de Divaldo P. Franco, que pela primeira vez eu estava vendo, foi muito forte pois, naquela noite, diante de tantas pessoas necessitadas, pensava que não fosse receber notícias de meu filho. Entretanto, quando Divaldo estava psicografando tive a sensação que era do meu filho. E qual não foi a minha alegria quando, na hora da leitura, pude comprovar esta felicidade. A emoção foi semelhante à que senti, quando da primeira mensagem. Embora eu estivesse alegre chorei muito, só conseguindo lê-la depois de muito tempo, porquanto tremia muito.”



Querida mamãe Terezinha, envolva-me na doçura das suas vibrações, no poema de preces que o seu coração sabe elevar a Jesus.

Tenho ouvido o seu pensamento e acompanhado as suas saudades. Já não são as lágrimas ardentes, que nascem nas fontes vulcânicas do desespero, mas a linfa refrescante que, em forma de ternura, me alcança, falando-me da grandeza de todo o seu ser.

Faltando apenas 46 dias para completar o segundo aniversário da minha viagem para cá, roguei permissão aos Amigos Espirituais para enviar-lhe esta outra carta diminuindo a distância no tempo entre nós, em forma de notícias e o nosso amado Doutor Bezerra de Menezes concedeu-me a dádiva, que reconheço não merecer, de retornar ao seu regaço diminuindo, de alguma forma, a dor da separação física, pois que jamais estaremos separados.

As mães são sempre os anjos estelares do firmamento dos filhos, enquanto o coração paterno é a bússola de segurança a apontar o rumo feliz…

Não a esqueço, mamãe querida. Os filhos, é certo, enquanto estão no corpo, não sabem valorizar necessariamente a grandeza do amor materno e somente dão-se conta quando o veem passar.

Quando os homens melhor entenderem o significado da família, a bênção de um pai e de uma mãe, ao lado de irmãos, estruturando a pequena sociedade doméstica, mudar-se-ão os mecanismos da comunidade e o amor governará os destinos levando-os, sem delongas, a Deus.

Hoje, quando as dores diminuíram, posso avaliar o que foram aqueles dias que se iniciaram no inesquecível 9 de setembro de 1979, após o acidente…

Revejo, pela tela da memória, o seu desespero, a agonia silenciosa do papai Manoel José, a angústia do José Luiz e rogo-lhes, mais uma vez, que me perdoem todas as aflições que lhes causei, sem o desejar…

Fosse-me possível recuar no tempo e refazer o caminho, tenho a certeza de que daria tudo para poupá-los de tão rude provação…

Compreendo, porém, que tudo está certo e que nas soberanas Leis de Deus tudo acontece conforme é de melhor para nós, cabendo-nos o dever de retirar o proveito mais próprio para o nosso progresso imortal.

O bivô Luiz prossegue o anjo de sempre, sustentando-me e orientando-me na adaptação às circunstâncias e conjunturas novas.

Sob o caridoso e compassivo auxílio do amado Doutor Bezerra, que é mestre e pai abnegado, prossigo nas tentativas de reajuste, iniciando pequenas tarefas no campo do auxílio fraternal com que me preparo para o futuro e reparo a precipitação dos anos juvenis…

Quando estamos no corpo, aos 21 anos, como foi o meu caso, acreditamo-nos detentores de toda a sabedoria e credores de todas as concessões da vida. Porque os reflexos são jovens, supomos que não nos falham, quando necessitamos, sem nos recordarmos de que a máquina é imprevisível e a própria vida é estabelecida em critérios que nos escapam. Os pais são tidos como quadrados, porque prudentes, quando não são taxados de superados, porque vigilantes. A vida, porém, ensina e sempre é tempo de aprender-se mais em critério de crescimento.

Esta carta não tem como objetivo qualquer recordação menos feliz. O meu desejo é agradecer-lhe, Mamãe Terezinha, e rogar que continue auxiliando o nosso José Luiz no seu crescimento para o bem, laborando ao lado do estoico papai Manoel, a fim de que a minha ausência no lar não seja nota de tristeza, mas motivo de trabalho em favor de filhos que não têm pais, na Terra, carentes de amor e amparo, pão e socorro.

Prossiga amando e repletando as suas horas de assistência aos necessitados — que são nossa porta de serviço redentor. Quanto possível coloque a esperança nas almas e conforte os que se debatem no desespero, auxiliando-os a crer na vitória da vida sobre as vicissitudes mais dolorosas.

Tive a oportunidade de encontrar aqui o nosso venerando Pe. Sebastião Carmelita sempre amado por nossa querida Uberaba e cuja vida de abnegação e fé constitui um eloquente exemplo, cujos frutos ora recolhe na 5ida Verdadeira.

Mamãe Celeste, avancemos para o futuro com passos firmes na estrada do bem, convertendo nossas dores em promessas de felicidade futura. Seu filho tenta crescer e recuperar o tempo, aguardando-a e ao papai Manoel José, ao querido mano José Luiz quando se encerre a jornada de vitórias que vocês estão realizando.

Não se entristeça, nunca! Cultive as recordações felizes, vendo-me na condição do menino traquinas que sempre fui.

Chega o momento de encerrar esta carta, agradecendo-lhe o carinho do dia 17 de maio passado, que me chegou como alento e dádiva de Deus para o encaminhamento das minhas aspirações no processo de redenção.

Abraço o querido irmão José Luiz, suplicando ao querido papai que me abençoe com a nobreza de sempre e a você, mamãe querida, com todo o amor, feito de gratidão e devotamento, suplica a sua bênção santificante, o filho sempre devotado, que é o seu menino emocionado,

Cláudio Luiz de Oliveira

29.07.1981


IDENTIFICAÇÕES


(1) — Mamãe Terezinha — D. Celeste Terezinha de Oliveira, mãe de Cláudio Luiz.

(2) — 46 dias para completar o segundo aniversário — Dado correto confirmado pela genitora.

(3) — 09.09.1979 — Data do acidente fatal.

(4) — Manoel José e José Luiz — Pai e irmão do missivista do Além.

(5) — Bivô Luiz — É o senhor Luiz Bazaga Marinho igualmente referido na mensagem anterior.

(6) — 21 anos — Idade correta do desencarnado.

(7) — Pe. Sebastião Carmelita — Sacerdote católico, uberabense, verdadeiro missionário do bem, que acreditava nas comunicações mediúnicas e na reencarnação, desencarnado no dia 14.02.1981, em Uberaba, MG.

(8) — 17 de maio passado — Data do aniversário de Cláudio Luiz. Naquele dia seus pais compraram muitas flores e foram levá-las à sua sepultura, bem como, posteriormente, brindaram com doces e guloseimas inúmeras crianças necessitadas.