Ideal Espírita

Capítulo III

A novidade maior



Inegavelmente o mundo progride, embora com lentidão.

À vista disso, em cada dia, é natural que a Terra surja, de algum modo, renovada em si mesma.

Entretanto, forçoso convir que no lado externo das situações e das cousas, com leves modificações, aquilo que vemos agora é o que já vimos.

O sol cuja marcha Josué supôs haver paralisado no combate contra o rei de Jerusalém, (Js 10:1) é o mesmo que clareia a estrada do deserto para o beduíno de hoje.

A lua que afagava a cabeça de Sócrates não sofreu diferenças.

O mar que Tibério fitava das alturas de Capri oferece atualmente o mesmo espetáculo de imponência e beleza.

As grandes cidades da hora moderna são herdeiras das grandes cidades que o tempo sepultou em valas de cinza.

As tricas políticas que criam a guerra, nos dias que passam, não obstante mais espaçadas, são idênticas às que faziam a guerra no tempo dos faraós.

Os escritores de inspiração infeliz que há milênios envenenavam a cabeça do povo são substituídos na época presente pelos escritores inconsequentes que articulam palavras nobres e corretas fomentando os vícios do pensamento.

Inegavelmente o progresso é a lei, contudo só o conhecimento de nós próprios conseguirá realmente fundamentá-lo e apressá-lo em sadios alicerces na experiência.

Por essa razão, a maior novidade para nós, acima de tudo, ainda e sempre é a nossa possibilidade imediata de manejar a própria vontade e melhorar a vida, melhorando a nós mesmos.



(Psicografia de F. C. Xavier)