Escrínio de Luz

Capítulo III

Sementeiras e colheitas



Semear, em sentido extenso, não é tão somente arrojar semente à terra. É, também, produzir. E, compreensivelmente, cada criatura recebe, com a própria vida, um campo a lavrar.

Muito estranho, desse modo, viéssemos a recolher instrução apenas para nos convertermos em mostruários de legendas culturais ou guardar o dinheiro, de maneira infrutífera, para transfigurar-nos em cofres inteligentes.

Todos os recursos do Universo são talentos que a Divina Providência nos empresta pela carteira da confiança, em regime de empréstimo, visando ao correto rendimento dos valores da vida.

Por essa razão, há celeiros e celeiros. Se o lavrador armazena cereais o sábio entesoura conhecimentos, desde que se disponham a desentranhar as próprias energias na execução das tarefas em que foram localizados.

Não há dispensa para ninguém na gleba do mundo. Há plantações de exemplos como há lavouras de batatas.

E há melhoria, valorização, readaptação e promoção de servidores nos institutos de progresso do Espírito, quais as que encontramos nas organizações terrestres vinculadas a serviços de natureza múltipla.

Se o cultivador do solo se desincumbe da obrigação que se lhe atribui, enriquecendo a própria competência, habilita-se a receber encargos de orientação em postos mais elevados, sucedendo o mesmo com a atividade de essência espiritual.

Dever cumprido é via de acesso a responsabilidades maiores.

Em todos os setores das vocações, profissões e posições há quefazeres no bem geral, equivalendo isso a sementeiras e colheitas. O tempo é o juiz que seleciona, define e marca a produção.

Espinheiros estendem espinheiros, trigo espalha trigo, simpatia forma simpatia, cooperação rende cooperação. À vista disso, é preciso compreender que todos nós, na leira da vida, recolhemos, multiplicadamente, apenas aquilo que colocamos dentro dela.