Escrínio de Luz

Capítulo X

Pedi e obtereis.



Quem pede a riqueza material e não se previne contra as tentações da ociosidade e do egoísmo, certamente obtém a fortuna, de mistura com amargas provações.

Quem pede a beleza física e não trabalha contra a vaidade, costuma receber a graça do equilíbrio orgânico em associação com dolorosas inquietudes.

Quem roga o bastão da autoridade e não se imuniza contra o vírus da tirania e da violência, sem dúvida guardará o poder humano, entre nuvens de maldição e de sofrimento.

Quem solicita os favores da inteligência e não se esforça por destruir em si mesmo os germes do orgulho, adquire os talentos da intelectualidade revestidos das grandes ilusões, que arrojam a alma invigilante nos despenhadeiros do remorso tardio.


Não é a riqueza material que fere os interesses do Espírito e sim o mau uso que fazemos dela.

Não é a forma aprimorada que perturba a consciência e sim a nossa atitude condenável, na mobilização dos favores da vida.

Não é o poder que humilha a alma e sim a nossa conduta menos digna dentro das aplicações dos recursos que lhe dizem respeito.

Não é a inteligência que nos projeta ao abismo do infortúnio e sim a nossa diretriz reprovável nos abusos do raciocínio.


“Pedi e obtereis”. (Mt 7:7) — ensinou o Mestre. Depende de nossa solicitação a resposta do bem ou do mal.

Tudo é bom para quem cultiva a bondade, tudo é puro para quem guarda a pureza do coração.

Quem se ilumina, jamais luta com as trevas que lhe fogem à presença brilhante.

Sirvamos, pois, a Deus, onde estivermos, procurando com o serviço incessante do bem descobrir-lhe a Divina 5ontade, de modo a cumpri-la hoje, aqui e agora, em favor de nossa própria felicidade.




(Reformador, janeiro de 1955, p. 4)