Encontro marcado

Capítulo IX

Experiências pessoais



TEMA — Experiências perigosas na esfera dos entes queridos.


Sustentar a campanha de esclarecimento contra a influência do mal, preservando-nos contra a criminalidade, é dever nosso.

Em nos referindo, porém, ao plano familiar, surge sempre o instante em que somos constrangidos a ver alguns dos nossos entes queridos à beira de experiências pessoais que consideramos difíceis ou dolorosas.

Nessas ocasiões, supomos perceber toda a extensão dos perigos a que se expõem e costumamos temer por eles; às vezes, caminham na direção de graves riscos que conhecemos de oitiva; noutras circunstâncias, dirigem-se para situações embaraçosas, em cujas correntes de sombra admitimos haver, noutro tempo, sofrido ou navegado.

Que fazer em lances desses, nos quais surpreendemos corações amados, à feição de viajores desprevenidos, escalando o monte agressivo da tentação, ameaçados por avalanches que talvez lhes arrasem as melhores possibilidades da existência?

Antes de tudo, reconheçamos que nenhuma criatura se sente feliz com as nossas intervenções indébitas, no sentido de lhes cercear a liberdade de tentar, por si mesmas, a construção da própria felicidade.

Cada um de nós é um mundo por si, porque o Criador nos dotou a cada um de características individuais, inconfundíveis.

Emoções e pensamentos, tanto quanto as impressões digitais, variam de pessoa a pessoa; consequentemente, determinados caminhos que nos fizeram menos felizes, em outra época, serão provavelmente os mais adequados à edificação da vitória espiritual sonhada pelos entes que amamos, enquanto que certas criaturas que nos parecem menos simpáticas serão possivelmente as mais capazes de resolver-lhes os problemas que, talvez, sem o concurso dessas mesmas criaturas, permanecessem indefinidamente insolúveis. Por outro lado, as circunstâncias que rodeiam agora os seres que abençoamos com a nossa extremada afeição podem não ser idênticas àquelas com que fomos defrontados, nos dias que se foram, e, muita vez, nas condições em que falimos, revelar-se-ão eles muito mais vigorosos que nós mesmos, impondo-se a ocorrências desagradáveis e criando talvez respeitáveis padrões de conduta para o reconforto e a segurança de muitos.

Tenhamos, assim, suficiente cautela para não ferir a independência pessoal daqueles a quem amamos, neles enxergando filhos de Deus, quanto nós próprios, com necessidades semelhantes às nossas, guardando o direito de construir suas vidas, segundo o preço das experiências que se proponham a pagar, no mesmo critério com que temos resgatado o custo das nossas. E sempre que os vejamos em supostos perigos, saibamos que a melhor forma de auxílio que lhes poderemos prestar será invariavelmente o amparo da oração e a bênção da boa palavra com que se sintam encorajados a trabalhar e servir, lutar e vencer com o apoio do Bem.