Encontro marcado

Capítulo XII

Na hora do perigo



TEMA — Ação pessoal nas crises das boas obras.


Quando aparece o momento de fracasso, na esfera das boas obras, ouve-se comumente a repetição de afirmativas feitas:

— Eu bem disse…

— Avisei muito…

— Ninguém esperava por essa…

— Se a responsabilidade estivesse em minhas mãos, isso nunca sucederia…

— Foi muita imprevidência…

— Se eu soubesse antes, agiria de outra forma…

Depois de cada frase, alinham-se os comentários. Interpretações deprimentes, versões fesceninas, maldições, boatos.

Convençamo-nos, porém, de que advertências ou queixas tardias não adiantam. Não vale reclamar à frente dos escombros de casa caída. Urge verificar a extensão do desastre e socorrer as vítimas. Suar na remoção dos destroços e rearticular possibilidades. Estabelecer a calma e selecionar o que se faça útil.

Nas crises das boas obras, é preciso atender igualmente a isso. Aprender a recomeçar vezes e vezes. Sofrer e seguir adiante. Contar com dificuldade, censura, impedimento, solidão.

Em se tratando de ti mesmo, não percas tempo, chorando ou lastimando quando é justamente a hora de agir. Perante as complicações inevitáveis, é imperioso te disponhas a colaborar com mais segurança na vitória do bem.

Se surge o problema da deserção nas fileiras, abençoa os companheiros que não puderam prosseguir em ação e, tanto quanto seja possível, coloca nos próprios ombros a carga de responsabilidades que te deixaram aos pés. Eles retornarão quando as forças lhes permitirem e saberão agradecer-te o concurso.

Quanto às dúvidas prováveis que possas manter em relação às próprias energias para a sustentação dos deveres em marcha, convence-te de que nenhum de nós possui recursos suficientes para executar plenamente as realizações do Evangelho; entretanto, acima de tudo, crê no amor e no poder de Jesus, que te aceitou a cooperação. Nele encontramos luz na obscuridade e complementação na fraqueza. Ele te fará superar todos os empeços. E se te entregas fielmente à proteção dele, sem que saibas definir ou sequer imaginar, quando te reconheças em meio de perigos supremos, na onda revolta das tentações e dos problemas, e nada mais esperes senão soçobrar, sentir-lhe-ás a vigorosa mão sobre a tua e aprenderás, por fim, no grande silêncio da alma, que Ele, o Senhor, em teu coração e em tua fé, pode realizar tudo aquilo que te parece impossível.