Encontro marcado

Capítulo XL

Incompreensão



TEMA — Nossa posição diante dos outros.


Referimo-nos, comumente, à incompreensão, qual se fosse uma praga inextirpável de nossa plantação afetiva. E deixamos que ela cresça, isolando-nos daqueles com quem fomos chamados a conviver.

Quantas vezes percorremos largos trechos da existência ao modo de viajores abandonados, alegando-a como sendo o motivo da solidão que nos suplicia!

No entanto, se revisarmos o íntimo da alma, aí surpreenderemos a lógica e a justiça, induzindo-nos ao reexame de todos os problemas dessa natureza, ainda mesmo os mais intrincados; sobretudo, se já aceitamos Jesus por Mestre, perceberemos, de imediato, o apelo da vida a que assumamos nosso lugar, no quadro das obrigações que a fraternidade nos traça ao caminho, compreendendo, por fim, que se os outros não nos compreendem, permitindo que a incompreensão nos alcance, nós podemos compreendê-los, iniciando a jornada de esforço para o reencontro da harmonia entre nós. Para isso, é necessário que o nosso espírito se deixe comandar pelo amor, cabendo-nos aproveitar todas as circunstâncias para levar aos companheiros, vitimados pela tentação do desacordo, as nossas melhores demonstrações de simpatia e cooperação, embora sem violentar condições e situações.

Esqueçamos quaisquer justificativas para ressentimentos e promovamos todos os reajustes possíveis, entre nós e os outros, a fim de que a nossa estrada se enriqueça de mais amplo serviço e de mais sólido entendimento.

Se Jesus tomasse em conta as incompreensões da Humanidade, as nações do planeta não estariam, ainda hoje, muito longe dos princípios de violência que regem a selva. E toda vez que a incompreensão nos ameace o trabalho, recordemos que se ele, o Mestre e Senhor, nos exortou a amar os próprios inimigos, decerto espera que venhamos a amar, valorizar, abençoar e entender os nossos amigos cada vez mais.