Estude e Viva

Prefácio de Emmanuel



Levantam-se educandários em toda a Terra.

Estabelecimentos para a instrução primária, universidades para o ensino superior. Ao lado, porém, das instituições que visam à especialização profissional e científica, na atualidade, encontramos no templo espírita a escola da alma, ensinando a viver.

Semelhante trabalho de burilamento do espírito, porém, não é novo. Lucas, o evangelista, (Lc 4:16) conta-nos que Jesus num sábado, em Nazaré, participou de uma assembleia de fiéis, junto da qual leu uma página de Isaías (Is 61:1) com vistas à edificação dos ouvintes, provocando, aliás, acirrada discussão.

Mencionamos o fato para salientar os hábitos de estudo nas coletividades de então, porquanto, para citar o Cristo, à feição de mestre, basta recordar-lhe a palavra constantemente endereçada ao povo, tanto nas praças quanto nos recintos familiares, qual aconteceu na casa de Betânia. (Lc 10:38)

No dia de Pentecoste, (At 2:1) mensageiros sublimes prevaleceram-se das faculdades medianímicas dos continuadores diretos de Jesus e falaram, em línguas diversas, instruindo a multidão sobre assuntos de espiritualidade superior.

Sabemos que um Espírito amigo se aproximou de Filipe (At 8:26) e solicitou-lhe a gentileza de encontrar a caminho um alto funcionário etíope, a fim de ler em comunhão com ele certas passagens das Escrituras.

As cartas de Paulo aos cristãos de várias comunidades eram lidas (Cl 4:16) e trocadas para as elucidações devidas, nos centros de cultura evangélica dos tempos apostólicos.

Justo, assim, que as instituições espíritas, revivendo agora o Cristianismo puro, sustentem estudos sistemáticos, destinados a clarear o pensamento religioso e traçar diretrizes à vida espiritual.

Atentos à sugestão confortadora de amigos, organizamos o presente volume, que consubstancia, de modo leve e ligeiro, os resultados de quarenta reuniões públicas de Doutrina Espírita, nas quais examinamos, livremente, nós, os servidores desencarnados, os ensinamentos de Allan Kardec, juntamente de nossos companheiros encarnados.

Certo, cada capítulo deixa o assunto em aberto para o exame de outros comentaristas que desejem partilhar conosco a felicidade do estudo, através do livro, de vez que, na própria palavra do apóstolo Pedro, (2Pe 1:20) verificamos que nenhum conceito da Escritura é de interpretação particular.

Em apresentando, pois, este livro aos companheiros do mundo, recorremos à palavra do Cristo, quando nos exorta: (Jo 8:32) “conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres”.

Efetivamente, não alcançaremos a libertação verdadeira sem abolir o cativeiro da ignorância no reino do espírito. E forçoso será observar que o conhecimento é um tipo de aquisição que exige de nós caridade para conosco, porque, se é possível sanar as deficiências do corpo pelas doações da beneficência, como sejam o alimento ao faminto e o remédio ao doente, a luz do espírito não se transmite nem por imposição, nem por osmose. Quem aspire a entesourar os valores da própria emancipação íntima, à frente do Universo e da Vida, deve e precisa estudar.



Uberaba, 11 de fevereiro de 1965.



(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)

— Os médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira psicografaram, em reuniões públicas, as mensagens de Emmanuel e André Luiz constantes desse livro, responsabilizando-se ambos pelos capítulos de números e respectivamente.

— A contribuição das pessoas presentes em cada reunião constituiu-se de comentários, proposições, diálogos e debates que estão indicados sob a legenda “Temas estudados”, no frontispício de cada capítulo.