Nosso Mestre

CAPÍTULO 103

Devemos aliviar o sofrimento de qualquer pessoa, mesmo desconhecida



Para mostrar que a nossa caridade deve abranger, não só os amigos e parentes, mas todos os homens, conta Jesus a história dum viajante que foi roubado e ferido pelos ladrões e socorrido por um homem estranho, que lhe prestou todos os favores sem esperar recompensa alguma. Assim deve ser a nossa caridade: universal, sincera, desinteressada.
Levantou-se um doutor da lei para pôr Jesus à prova, com esta pergunta:
"Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?"
Respondeu-lhe Jesus: "Que está escrito na lei; como é que lês?"
Tornou aquele: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com todas as tuas forças e de toda a tua mente; e a teu próximo como a ti mesmo".
"Respondeste bem - disse-lhe Jesus. - Faze isto e terás a vida".
Ele, porém, quis justificar-se e perguntou a Jesus: "E quem é meu próximo?"
Ao que Jesus tomou a palavra e disse: "Descia um homem de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos dos ladrões, que o despojaram, cobriram de feridas, e, deixando-o meio morto, se foram embora. Casualmente, descia um sacerdote pelo mesmo caminho; viu-o 51
— e passou de largo. Igualmente, chegou ao lugar um levita; viu-o - e passou de largo.
Chegou perto dele também um samaritano, que ia de viagem; viu-o - e moveu-se à compaixão; aproximou-se, deitou-lhe óleo e vinho nas chagas e ligou-as; em seguida, fê-lo montar no seu jumento, conduziu-o a uma hospedaria e teve cuidado dele. No dia seguinte, tirou dois denários (*) e deu-os ao hospedeiro, dizendo: Tem-me cuidado dele, e o que gastares a mais pagar-to-ei na volta.
Qual destes três se houve como próximo daquele que caíra nas mãos dos ladrões?"
"Aquele que lhe fez misericórdia" - respondeu o doutor. Tornou-lhe Jesus:
"Vai e faze tu o mesmo" (Lc. 10, 25-37).
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(*) l denário - Cr$ 5,00 mais ou menos.