Nosso Mestre
CAPÍTULO 128
Não somos donos, mas administradores
Assim como um previdente feitor, em vésperas de perder o seu cargo, providencia sobre o seu futuro e granjeia amigos, assim devemos também nós servir-nos dos bens terrenos para ganharmos amigos no mundo futuro.
É o que fazemos usando para fins eternos os bens temporais.
Disse Jesus aos seus discípulos: "Havia um homem rico, que tinha um feitor. Este foi acusado perante ele de lhe defraudar os haveres. Mandou-o, pois, chamar e lhe disse: Que é isto que ouço dizer de ti? Dá conta da tua administração, porque já não poderás ser meu feitor.
Disse então consigo o feitor: Que farei? Pois que meu amo me tira a administração?
Cavar a terra não posso, e de mendigar tenho vergonha. Sei o que vou fazer para que, quando for removido da administração, haja quem me receba em sua casa.
Mandou, pois, chamar, um após outro, os devedores de seu amo. E perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu senhor?
Cem jarros de azeite - respondeu ele.
Toma os teus papéis - disse-lhe - senta-te aí depressa e escreve cinquenta.
Perguntou a outro: E tu, quanto deves?
Cem alqueires de trigo - respondeu ele.
Toma os teus papéis - disse-lhe - e escreve oitenta.
E o senhor reconheceu que o feitor infiel procedera com tino. É que os filhos deste mundo são mais atilados, no trato com seus semelhantes, do que os filhos da luz.
Também eu vos digo: granjeai-vos amigos com as riquezas vãs, para que, quando vierdes a falecer, vos recebam nos tabernáculos eternos. Quem é fiel nas coisas mínimas é fiel também no muito; e quem é infiel em coisas mínimas é infiel também no muito. Se não administrardes fielmente as riquezas vãs, quem vos confiará os bens verdadeiros? E, se não administrardes fielmente os bens alheios, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; ou terá ódio a um e amor a outro, ou aderirá a um e não fará caso do outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas"
(Lc. 16, 1-13) .