Nosso Mestre
CAPÍTULO 129
História de um ricaço que acabou mendigando uma gatinha d’água Quem se serve da sua fortuna apenas para satisfações pessoais e não socorre aos indigentes comete pecado tão grave que sua alma, após a morte corporal, sofrerá horríveis tormentos e não terá r
Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo e se banqueteava esplendidamente todos os dias. À sua porta jazia um mendigo, de nome Lázaro, todo coberto de úlceras. De bom grado se fartaria com as migalhas que caíam da mesa do rico; mas ninguém lhas dava. Vinham até os cães e lambiam-lhe as úlceras.
Faleceu o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado. No inferno ergueu os olhos, do meio dos tormentos, e avistou ao longe a Abraão, e Lázaro no seio dele. E pôs-se a clamar: Pai Abraão, tem piedade de mim e manda a Lázaro para que molhe na água a ponta do dedo e me refrigere a língua; porque sofro grandes tormentos nestas chamas.
Replicou-lhe Abraão: Lembra-te, filho, de que passaste bem durante a vida, enquanto Lázaro passou mal. Agora é ele consolado aqui, e tu atormentado. Além disto, medeia entre nós e vós um grande abismo, de maneira que ninguém pode passar daqui para vós, nem daí para cá, ainda que quisesse.
Tornou aquele: Rogo-te, pai, que o mandes à minha casa paterna; tenho cinco irmãos; que os previna para que não venham também eles parar neste lugar de tormentos.
Respondeu-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; que os ouçam.
Não, pai Abraão - replicou ele - mas, se um dos defuntos for ter com eles, hão de converter-se.
Disse-lhe Abraão: Se não dão ouvido a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão quando alguém ressuscitar dentre os mortos (Lc. 16, 19-31).