Nosso Mestre

CAPÍTULO 15

Um homem, vestido de pele de camelo, só fala em Jesus



Quando Jesus tinha uns trinta anos e ainda trabalhava na oficina de Nazaré, desconhecido de quase toda gente, apareceu às margens do Jordão um vulto estranho vindo do deserto – João Batista. Era enviado por Deus para dizer a todo o povo que em breve apareceria Jesus Cristo, o Salvador do mundo. Mandou que todos se convertessem dos seus pecados, dessem disto prova pública e praticassem boas obras. Só assim é que seriam amigos de Jesus.
Era no décimo quinto ano de reinado do imperador Tibério; Pôncio Pilatos era governador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da província de Traconitis; Lisânias, tetrarca de Abilene. Anás e Caifás eram sumos sacerdotes. Foi então que a palavra de Deus se dirigiu a João, filho de Zacarias, no deserto. E pôs-se ele a andar por todas as terras do Jordão, a pregar o batismo de penitência para perdão dos pecados - conforme vem escrito no livro das palavras do profeta Isaías:
"Uma voz ecoa no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas; encher-se-á todo o vale e abater-se-ão todos os montes e outeiros; tornar-se-á reto o que é tortuoso, e o que é escabroso se fará caminho plano; e todo homem verá a salvação de Deus" (Lc. 3, 2-6) .
Usava João uma veste de pelos de camelo e um cinto de couro em volta do corpo; gafanhotos e mel silvestre formavam o seu alimento (1).
Jerusalém, a Judeia em peso e todas as terras do Jordão foram ter com ele.
Faziam-se por ele batizar no Jordão, confessando os seus pecados. Quando João viu que afluíam também numerosos fariseus e saduceus para dele receber o batismo, disse-lhes:
"Raça de víboras! Quem vos disse que escaparíeis ao juízo da ira que vos ameaça?
Produzi frutos de sincera conversão, e não digais: Temos por pai a Abraão! Pois, eu vos digo que destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. O machado já está à raiz das árvores: toda árvore que não produzir fruto bom será cortada e lançada ao fogo".
Ao que lhe perguntaram as turbas: "Que nos cumpre, pois, fazer?" Respondeu-lhe ele: "Quem possui duas vestes dê uma a quem não tem; e quem tem que comer faça o mesmo".






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(1) É esta a opinião geral. Entretanto, há documentos antigos que falam em "árvore do gafanhoto", de cujos frutos João se alimentava. Como essa árvore não fosse assás conhecida, prevaleceu a ideia geral de se ter João alimentado de gafanhotos.
Apresentaram-se-lhe também publicanos para que os batizasse; e perguntaram-lhe: "Mestre, que devemos fazer?" Respondeu-lhes: "Não exijais mais do que vos foi ordenado".
Vieram também soldados a interrogá-lo: "E nós, que faremos?" Disse-lhes: "Não useis de violência nem de fraude para com ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo"
(Mt. 3, 4-7; Lc. 3, 7-14).