Nosso Mestre
CAPÍTULO 46
Fase aos outros o que queres que te façam
O homem mundano é tão cegado pelo amor-próprio que repara nas faltas do próximo, ainda que pequeninas como um argueiro, mas não enxerga as faltas próprias, do tamanho duma trave. Um cego assim não pode conduzir os outros. Assim como um espinheiro não pode produzir uvas, nem de um pé de abrolhos podem brotar figos, assim também não pode um homem interiormente mau produzir obras boas aos olhos de Deus. Todo o valor do homem depende do seu estado interior e das suas intenções.
"Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai, e dar-se-vos-á; derramar-vos-ão no seio uma boa medida, cheia, recalcada e acogulada; porque, com a medida com que medirdes, medir-vos-ão".
Propôs-lhes também uma parábola: "Poderá acaso um cego conduzir a outro cego? Não virão ambos a cair num barranco? Não está o discípulo acima do mestre; todo aquele que aprender com perfeição iguala-se a seu mestre. Porque vês o argueiro no olho de teu irmão, e não enxergas a trave em teu próprio olho? Ou como podes dizer a teu irmão: Meu irmão, deixa-me tirar o argueiro de teu olho, e não enxergas a trave em teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e depois verás como tirar o argueiro do olho de teu irmão.
Nenhuma árvore boa produz frutos maus, e nenhuma árvore má produz frutos bons. Cada árvore se conhece pelo seu fruto peculiar; pois não se colhem figos dos abrolhos, nem se vindimam uvas dos espinheiros. O homem bom tira coisa boa do bom tesouro do seu coração, ao passo que o homem mau tira coisa má do mau tesouro; porque da abundância do coração é que a boca fala (Lc. 6, 37-45).