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Indubitavelmente, a palavra do Mestre, no comentário sobre a dificuldade dos ricos ante o Reino dos Céus, exprime incontestável realidade, porquanto a posse exagerada de bens terrestres é quase sempre a crucificação da alma em pesados madeiros de ouro.
Enquanto a pobreza de recursos materiais vive independente para a amizade e para a fé, para a confiança e para a compreensão, os detentores da fortuna amoedada vivem quase sempre prisioneiros da suspeita e da desilusão, nos tormentos da defensiva…
Mas, existem outros ricos do mundo com infinitos obstáculos no acesso ao paraíso da alegria e da paz.
Vejamos, por exemplo:
os ricos de exigências;
os ricos da cólera a se desvairarem nos conflitos das trevas;
os ricos de melindres pessoais que nunca conseguem elementos de tolerância, necessários à superação das próprias fraquezas;
os ricos da mentira que tecem a rede de sombras em que enleiam a própria alma;
os ricos de tristeza e desânimo, recolhidos à inutilidade em que se acolhem;
os ricos de reclamações e de queixas que atravessam o mundo, entre a insatisfação e a ociosidade;
os ricos de ignorância que se agarram à penúria de espírito;
os ricos de letras e artes que se encarceram em torres de marfim, para o culto ao próprio egoísmo;
os ricos de saúde e de possibilidades que imobilizam o coração na caixa do peito, aguardando que o dinheiro fácil lhes venha ao encontro, para o exercício da caridade;
os ricos de ódio;
os ricos de usura;
os ricos de medo da verdade e do bem;
e os ricos numerosos da vaidade que se trancafiam nas masmorras do próprio “eu”, exigindo que o Céu se converta em propriedade exclusiva dos seus caprichos individuais.
Enriqueçamo-nos de amor e sirvamos sempre. O dinheiro pode ajudar muitíssimo, mas, só o coração aberto ao esplendor solar do bem pode amparar, libertar, erguer, salvar e aperfeiçoar para sempre.