Instrumentos do Tempo

Capítulo XXXVI

Palavras aos companheiros



Meu amigo, aprende a semear a luz no solo dos corações, conduzindo o arado milagroso do amor, para que as sombras da ignorância abandonem a Terra para sempre.

Quando o pântano e o espinheiro te ameaçarem a marcha, quando a pedrada infeliz da discórdia ou o golpe imprevisto da incompreensão te ferirem o devotamento, usa a bondade que Jesus te concedeu e avança, trabalhando…


Alguém projetou o fel da calúnia sobre o teu nome?

Esquece e caminha. Muitas vezes, o coração do amigo é ainda frágil e cede ao primeiro impulso da arrasadora ventania do mal.


Alguém escarnece de teu esforço?

Despreocupa-te e age fraternalmente. Não é possível improvisar em alguns minutos o entendimento justo com respeito às realizações respeitáveis que nos felicitam o espírito.


Alguém começou a cooperar contigo e desertou da sementeira?

Silencia e adianta-te. Nem todos sabem perseverar no sacrifício pessoal pela vitória do bem, dia a dia, na esteira dos anos incessantes.


Alguém te menoscaba a tarefa, subestimando-te o desinteresse pelas posses humanas e o carinho pela divina revelação?

Olvida e segue. É preciso aprender e sofrer com a luta terrestre para reconhecer o conteúdo de ilusão que transborda das fantasias da carne que passa breve.


Alguém te acusa gratuitamente?

Perdoa e movimenta-te na direção do porvir. Há muito ódio e muita discórdia envenenando as almas, e a maldade lança trevas sobre a fronte dos melhores colaboradores do progresso.


Em todas as aflições da romagem, se souberes ver, enxergarás a ignorância oprimindo, vergastando, destruindo…

É necessário acender a lâmpada sublime da piedade, avançando sempre.


Observa o chão lodacento e inculto, provocando a inquietação e o pavor, quando observado precipício a dentro… Mas se arremessares a semente pequenina no leito tenebroso, em breve a terra endurecida e nua se cobrirá de verdura e perfume, flores e frutos.


Assim é o campo humano. Em toda parte há erosão da penúria espiritual e charcos de dor.

Não te detenhas, porém. Lança a tua semente de fraternidade e sabedoria, auxílio e compreensão, e a ignorância cederá terreno ao teu ideal de ajudar e servir, multiplicando-se as bênçãos de tua lavoura de amor, a benefício da Humanidade inteira.




Essa mensagem, diferindo nas palavras marcadas, foi publicada originalmente em 1970 pela FEB e é a 1ª lição do livro “”