Começaste o dia recebendo a visita de um amigo, a falar-te da leviandade de um parente que te acusou por faltas que não cometeste.
Para logo te desmandaste na irritação e na revolta.
Em seguida, vieram as compras, segundo a lista de encomendas que formulaste na véspera.
Alguns artigos, no entanto, não chegaram nas condições esperadas e, sem qualquer hesitação, devolveste o material recebido com ásperas reclamações.
Logo após, observaste que o vizinho, involuntariamente, provocou pequeno defeito no sistema de esgotos, prejudicando-te o banheiro, por alguns minutos.
De imediato, chamaste às contas o amigo da vizinhança, admoestando-o com severidade agressiva, sem ao menos aceitar-lhe o pedido de desculpas, enunciado com humildade.
Não passou muito tempo, notaste que a governanta não efetuara a limpeza da casa, conforme as minudências de tuas instruções.
E à frente da senhora que te serve com atenção à vida familiar, dirigiste a ela um sermão esbrazoado de exigências.
Assim atravessaste as horas, lastimando a vida, gritando contra determinadas pessoas, maldizendo parentes, criticando, condenando, ironizando e ferindo aos que te rodeiam.
Em sobrevindo a noite, trazias o corpo abatido, como que vergastado por farpas invisíveis.
Clamaste contra a doença e te declaraste com os nervos destrambelhados.
Por fim, em certo momento, pediste chorando para que alguém te descobrisse um remédio ou um recurso contra as tuas angústias e contrariedades, amarguras e desesperações…
É por isso que estamos aqui a rogar-te com respeito:
— Experimenta o perdão.