Joia

Capítulo VII

Sabedoria feminina



Na grande capital, mãe e filho sempre oravam juntos à noite.

Ele era um pai viúvo, com a filha de dezoito primaveras com quem vivia em rixas constantes.

Fosse por excursões, vestidos na moda, visitas ou festas, surgiam as reclamações e críticas paternas.

A jovem não deixava por menos e vinham as discussões amargas. Enquanto o pai se irritava por bagatelas, a avó estava sempre compreensiva e serena.

Certa feita, o pai exasperado, no momento da prece, indagou da genitora:

— Mãe, como pode você permanecer tranquila, ante os desmandos de sua neta?

A senhora respondeu sem se perturbar:

— Filho, em minhas orações diárias, entrego nossa menina a Deus.

— E Deus a escuta? volveu o filho mal-humorado.

— Creio que sim.

— Mãe, por que você se mostra assim tão convencida?

A senhora explicou-se com simplicidade:

— Meu filho, sei que Deus me ouve por três motivos: ele é um Pai que nunca se desespera, como acontece com você; possui, só em nossa cidade, milhares de filhas semelhantes à minha neta naturalmente protegendo a todas; e, por fim, não me consta que Deus, algum dia, haja mostrado a pressa que você tem.