Reunião pública de 24-2-1961.
.
Espíritos culpados! Somos quase todos.
Julgávamos que o poder transitório, entre os homens, nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes… Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo quanto dói o cativeiro da humilhação.
Acreditávamos que a moeda farta nos situasse a cavaleiro dos desmandos de consciência… Entretanto, voltamos à arena terrestre, em doloroso pauperismo, experimentando a miséria que infligimos aos outros.
Admitíamos que as vítimas de nossos erros deliberados se distanciassem, para sempre, de nós, depois da morte… Mas tornamos a encontrá-las no lar, usando nomes familiares, no seio da parentela, onde nos cobram, às vezes com juros de mora, as dívidas de outro tempo, em suor do rosto, no sacrifício constante, ou em sangue do coração, na forma de lágrimas.
Supúnhamos que os abusos do sexo nos constituíssem a razão de viver e corrompemos o coração das almas sensíveis e nobres com as quais nos harmonizávamos, vampirizando-lhes a existência… No entanto, regressamos ao mundo em corpos dilacerados ou deprimidos, exibindo as estranhas enfermidades ou as gravosas obsessões que criamos para nós mesmos, a estampar na apresentação pessoal a soma deplorável de nossos desequilíbrios.
Espíritos culpados! Somos quase todos.
A Perfeita Justiça, porém, nunca se expressa sem a Perfeita Misericórdia, e abre-nos a todos, sem exceção, o serviço do bem, que podemos abraçar na altura e na quantidade que desejarmos, como recurso infalível de resgate e reajuste, burilamento e ascensão.
Atendamos às boas obras quanto nos seja possível.
Cada migalha de bem que faças é luz contigo, clareando os que amas.
E assim é porque, de conformidade com as Leis Divinas, o aperfeiçoamento do mundo depende do mundo, mas o aperfeiçoamento em nós mesmos depende de nós.