Reunião pública de 7-8-1961.
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Na forja moral da luta em que temperas o caráter e purificas o sentimento, é possível acredites estejas sempre no trato de pessoas normais, simplesmente porque se mostrem com a ficha de sanidade física. Entretanto, é preciso pensar que as moléstias do espírito também se contam.
O companheiro que te fala, aparentemente tranquilo, talvez guarde no peito a lâmina esbraseada de terrível desilusão.
A irmã que te recebe, sorrindo, provavelmente carrega o coração ensopado de lágrimas. Surpreendeste amigos de olhos calmos e frases doces, dando-te a impressão de controle perfeito, que soubeste, mais tarde, estarem caminhando na direção da loucura.
Enxergaste outros, promovendo festas e estadeando poder, a escorregarem, logo após, no engodo da delinquência.
É que as enfermidades do espírito atormentam as forças da criatura, em processos de corrosão inacessíveis à diagnose terrestre.
Aqui, o egoísmo sombreia a visão; ali, o ódio empeçonha o cérebro; acolá, o desespero mentaliza fantasmas; adiante, o ciúme converte a palavra em látego de morte…
Não observes os semelhantes pelo caleidoscópio das aparências. É necessário reconhecer que todos nós, Espíritos encarnados e desencarnados em serviço na Terra, ante o volume dos débitos que contraímos nas existências passadas, somos doentes em laboriosa restauração.
O mundo não é apenas a escola, mas também o hospital em que sanamos desequilíbrios recidivantes, nas reencarnações regenerativas, através do sofrimento e do suor, a funcionarem por medicação compulsória.
Deixa, assim, que a compaixão retifique em ti próprio os velhos males que toleras nos outros.
Se alguém te fere ou desgosta, debita-lhe o gesto menos feliz à conta da moléstia obscura de que ainda se faz portador.
Se cada pessoa ofendida pudesse ouvir a voz inarticulada do Céu, no instante em que se vê golpeada, escutaria, de pronto, o apelo da Misericórdia Divina: “Compadece-te!”
Todos somos enfermos pedindo alta. Compadeçamo-nos uns dos outros, a fim de que saibamos auxiliar.
E mesmo que te vejas na obrigação de corrigir alguém — pelas reações dolorosas das doenças da alma que ainda trazemos —, compadece-te mil vezes antes de examinar uma só.