Justiça Divina

Capítulo IV

Virtude solitária



Reunião pública de 30-1-1961.

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Há quem deseje tranquilidade ideal na Terra, com a pretensão de fugir ao erro.

Casa branca no aclive da serra, com o vale rente.

Fontes claras, correndo perto, e jardim florido.

Clima doce e perfume da natureza.

Nenhum aborrecimento. Nenhum cuidado.

Falta alguma. Problema algum.

Solidão saborosa em que o morador consiga estirar-se, inerte, em poltronas e redes.

No entanto, é no trato da luta que as forças se enrijam e as qualidades se aperfeiçoam.

Considerando-se que o mal é a experiência inferior nos quadros da experiência mais nobre, é no serviço do amparo mútuo e da tolerância recíproca que havemos de transformá-lo em bem duradouro, como se tomássemos as nossas próprias sombras de ontem para convertê-las na luz de hoje.

Livres, estamos interligados perante a Lei, para fazer o melhor, e, escravizados aos compromissos expiatórios, estaremos acorrentados, uns aos outros, no instituto da reencarnação, segundo a Lei, para anular o pior que já foi feito por nós mesmos, nas existências passadas.

Ninguém progride sem alguém.


Abençoemos, assim, as provações que nos abençoam.

Trabalho é ascensão.

Dor é burilamento.

Toda adversidade avisa,

todo sofrimento instrui,

todo pranto lava,

toda dificuldade esclarece

e toda crise seleciona.


Virtude solitária é pão na vitrine.

Competência no palanque é usura da alma.

Todos somos alunos na escola da vida. E ninguém consegue aprender, sem dar a lição.