Reunião pública de 14-8-1961.
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No estudo da perfeição, comecemos por vigiar a nós mesmos, corrigindo-nos em tudo aquilo que nos desagrada nos semelhantes.
Muitos pregam contra o desperdício dos administradores da causa pública e instalam-se, entre as paredes domésticas, como se devessem atravessar a existência numa carruagem de luxo, sobre lixo dourado.
Outros criticam autoridades, apontando-as por verdugos do povo, e tiranizam, no lar, as mãos obscuras e generosas que lhes amassam o pão.
Vemos os que amaldiçoam a guerra entre os povos, e vivem, no aprisco familiar, com a truculência da fera solta.
Há os que indicam a pena de morte para os irmãos que enlouqueceram na delinquência, e manejam, em casa, o punhal invisível da ingratidão.
Muitos lideram primorosas campanhas de socorro à infância desprotegida, e enxotam, por vagabundo, o primeiro menino infortunado que lhes roga um vintém.
Outros guardam a enciclopédia na cabeça e jamais se lembram de estender o alfabeto ao companheiro atrelado à ignorância.
Vemos os que cantam hosanas à virtude e encastelam-se no conforto individual, afirmando que a caridade é fábrica de preguiça.
E há os que ensinam sabiamente, quanto à bondade e à simpatia, a se movimentarem, na senda particular, despedindo farpas magnéticas, entre melindres e aversões.
Nestes apontamentos humildes, a ninguém censuramos, de vez que, com evidentes exceções, até ontem éramos todos nós igualmente assim. Hoje, porém, com a Doutrina Espírita no comando da fé, sabemos todos que a lei do progresso confere a cada Espírito a possibilidade de adquirir o bem que lhe falta, a fim de que a justiça estabeleça o merecimento de cada um, na pauta das próprias obras.
Conjuguemos, assim, conselho e ação, palavra e conduta, na mesma onda de serviço renovador, compreendendo, por fim, que o bem que nos falta nem sempre é o bem que ainda não desfrutamos, mas sim o bem dos outros que, em nosso próprio benefício, nos cabe fazer.