Leis de Amor

Capítulo III

Escolha social e profissional



Não nos fala o pretérito exclusivamente através das provas que nos aguilhoam a vida.


Observamos as oportunidades de reajuste e aperfeiçoamento, que o mundo nos concede na esfera da profissão. A criatura renasce, gravitando para o campo de serviço em que se lhe afinam disposições e tendências.


Cada inteligência é situada no lugar em que possa produzir mais e melhor.


Certamente que a situação da personalidade em determinada carreira não obedece à fatalidade. Livre-arbítrio no mundo interior comanda sentimentos e ideias, palavras e atos do Espírito, constantemente.


Todo dia é tempo de renovar o destino.


Sim. Na esfera dos deveres comuns, o Espírito granjeia, através de abnegação e serviço espontâneo, valiosos recursos de ação, de modo a refundir, facilmente, os próprios caminhos.


Somos defrontados nas atividades profissionais de hoje com antigos devedores da Lei, chamados a funcionar no trabalho ou nas obras em que eles próprios faliram ontem, com dilatadas possibilidades de obtenção do próprio resgate; quase sempre aqueles mesmos junto dos quais se verificaram nossos próprios delitos ou deserções em existências passadas. Em nosso benefício, a Lei nos faculta empreendimentos e obrigações junto deles, a fim de que possamos pagar débitos ou vencer antipatias e inibições, respirando-lhes o clima e renteando-lhes a presença.


Pensadores que antigamente corrompiam a mente popular com as depravações de espírito já em via de autoburilamento, formam agora entre professores laboriosos, aprendendo a ministrar disciplinas, à custa do próprio exemplo.


Tiranos que não vacilaram em forjar a miséria física e moral dos semelhantes, na exaltação dos princípios subalternos em que se envileciam, voltam, depois das medidas iniciais da própria corrigenda, na condição de administradores capacitados à distribuição de valores e tarefas edificantes.


Políticos que dilapidaram a confiança do povo, quando já situados nas linhas do reajuste retornam, no comércio ou na agricultura, com valiosa oportunidade de transpirar no auxílio àquelas mesmas comunidades que deprimiram.


Guerreiros e soldados que se valiam das armas para assegurarem imunidade aos instintos destruidores quando internados na regeneração começante, transfiguram-se em mecânicos e operários modeladores, dignificando o metal e a madeira que eles próprios perverteram em outras épocas.


Verdugos rurais, agiotas desnaturados, defraudadores da economia pública e mordomos do solo convertidos em agentes do furto modificados ao toque do bem, volvem na posição de servidores limitados da gleba, quando de sol a sol, no pagamento das dívidas, a que se empenharam, imprevidentes.


Mulheres distintas que se ocuparam da maledicência e da intriga, prejudicando a liberdade e progresso, após reconhecerem os próprios erros, tornaram, em regime de transitório cativeiro, ao recinto doméstico, aprisionadas em singelas obrigações, junto às caçarolas e tanques de lavar.


Reflitamos na situação em que o presente nos coloca e encontraremos dentro dela os sinais do passado e usando-a, não apenas em nosso favor, mas em favor de todos aqueles que se aproximarem de nós, reconheceremos, no trabalho que a vida nos oferece, iluminada porta libertadora para o grande futuro.




(Este capítulo foi psicografado por Waldo Vieira)




O princípio de causa e efeito funciona além da morte?



—O princípio de causa e efeito tanto funciona na existência humana, quanto além dos implementos físicos perecíveis.







A que critério obedece à colocação da inteligência no campo profissional?



—Cada inteligência é situada no lugar em que possa produzir mais e melhor.







De modo geral, quem é, nas leis do destino, o marido faltoso?



—Marido faltoso é aquele mesmo homem que, um dia, inclinamos à crueldade e à mentira.







Qual a nossa posição, depois de desencarnados, quando não somos integralmente bons, nem integralmente maus?



—Quando desencarnados, em condições relativamente felizes, guardadas as justas exceções, somos equiparados a devedores em refazimento, habilitando-nos, pelo trabalho e pelo estudo, ao prosseguimento do resgate dos compromissos de retaguarda.







Qual a lição que as horas nos ensinam?



—Meditemos a simples lição das horas. Comumente, durante a noite, o homem repousa e dorme; em sobrevindo a manhã, desperta e levanta-se com os bens ou com os males que haja procurado para si mesmo, no transcurso da véspera.

—Assim, a vida e a morte, na lei da reencarnação que rege o destino.







Por que acontece assim?



—Isso acontece porque milhões de criaturas, repostas no lar, recapitulam amargosas e graves experiências, junto àqueles que atormentaram outrora ou que outrora lhes foram implacáveis verdugos; metamorfoseados em companheiros que, às vezes, trazem o nome de pais e figuram-se adversários intransigentes; responderam por filhos e mais se assemelham a duros algozes dos corações afetuosos que lhes deram o tesouro do berço;

carregam a certidão de esposos e parecem forçados, em algemas duplas na pedreira do sofrimento; fazem-se conhecidos por titulares da parentela e exibem-se, à feição de carrascos tranquilos.







Basta apenas chorar para realizarmos o expurgo do coração?



—Às vezes, trazemos o semblante lavado de lágrimas, no entanto, o desespero e a inconformação desmancham-se igualmente em pranto amargo; para expurgar o mundo íntimo é mister valermo-nos da provação como recurso de trabalho, para converter a tribulação em alegria e a dificuldade em lição.