Para compreender os resultados das existências anteriores, basta que o homem observe as próprias tendências, oportunidades, lutas e provas.
Estudos que efetuamos corretamente, ainda que terminados há longo tempo, asseguram-nos títulos profissionais respeitáveis. Faltas praticadas deixam azeda sucata de dores na consciência, pedindo reparação. Se plantamos preciosa árvore; desde muito, é natural venhamos a surpreendê-la, carregada de utilidades e frutos para os outros e para nós. Se nos empenhamos num débito, é justo suportemos a preocupação de pagar.
Meditemos a simples lição das horas. Comumente, durante a noite, o homem repousa e dorme; em sobrevindo a manhã, desperta e levanta-se com os bens ou com os males que haja procurado para si mesmo, no transcurso da véspera.
Assim, a vida e a morte na lei da reencarnação que rege o destino.
No túmulo, a alma, ainda vinculada ao crescimento evolutivo, entra na posse das alegrias e das dores que amontoou sobre a própria cabeça; no berço, acorda e retoma o arado da experiência, nos créditos que lhe cabe desenvolver e nos débitos que está compelida a resgatar.
Cada criatura reencarnada permanece nas derivantes de tudo o que fez consigo e com o próximo.
Os grandes delitos operam na alma estados indefiníveis de angústia e choque, daí nascendo a explicação lógica das enfermidades congênitas, às vezes inabordáveis a qualquer tratamento.
Suicidas que estouraram o crânio ou que se entregaram a enforcamento, depois de prolongados suplícios, nas regiões purgatoriais, frequentemente, após diversos tentames frustrados de renascimento readquirem o corpo de carne, mas transportam nele as deficiências do corpo espiritual, cuja harmonia desajustaram. Nessa fase, exibem cérebros retardados ou moléstias nervosas obscuras.
Protagonistas de tragédias passionais, violentas e obscuras, criminosos de guerra, aproveitadores de lutas civis, que manejam a desordem para acobertar interesses escusos, exploradores do sofrimento humano, caluniadores, empreiteiros do aborto e da devassidão e malfeitores outros, que a justiça do mundo não conseguiu cadastrar, voltam à reencarnação em tribulações compatíveis com os débitos que assumiram e, muitas vezes, junto das próprias vítimas, sob o mesmo teto, marcados por idênticos laços consanguíneos, tolerando-se mutuamente, até a solução dos enigmas que criaram contra si mesmos, atentos ao reequilíbrio de que se veem necessitados; ou sofrem a pena do resgate preciso em desastres dolorosos, integrando os quadros inquietantes dos acidentes em que se desdobra o resgate do Espírito reencarnado, seja nos transes individuais ou nas provações coletivas.
As grandes dificuldades não caem exclusivamente sobre os suicidas e homicidas comuns. Quantos se fizeram instrumentos diretos ou indiretos das resoluções infelizes que adotaram são impelidos a recebê-los nos próprios braços, ofertando-lhes o recinto doméstico por oficina de regeneração.
Se levianamente provocamos o suicídio de alguém, é possível que tenhamos esse mesmo alguém, muito em breve, na condição de um filho-problema ou de um familiar padecente, requisitando-nos auxílio, na medida das responsabilidades que assumimos, na falência a que se arrojou.
Se instilamos viciação e criminalidade em companheiros do caminho, asfixiando-lhes as melhores esperanças na desencarnação prematura, é certo que se corporificarão, de novo na Terra, ao nosso lado, a fim de que lhes prestemos concurso imprescindível à reeducação, na pauta dos compromissos a que nos enredamos, ao precipitá-los nos enganos terríveis de que buscam desvencilhar-se, abatidos e desditosos.
Nas mesmas circunstâncias, carreamos em nós, enraizados nas forças profundas da mente, os bens ou os males que cultivamos.
Quando desencarnados, não fugimos à lei de causa e efeito.
Se malbaratamos os tesouros das emoções e dos pensamentos na Terra, deambulamos nas Esferas espirituais por doentes da alma, que a perturbação ensandece, fadados a reaparecer no Plano carnal com as enfermidades consequentes, a se entranharem nos tecidos orgânicos que nos compõem a vestimenta física.
Nessas condições, o porvir esboça-se, nebuloso, apontando-nos graves lições de refazimento e resgate.
Se abraçamos desequilíbrios de sexo, agravados com padecimentos alheios por nossa conta, aguentamos inibições genésicas, muitas vezes, com o cansaço precoce e a distrofia muscular, a epilepsia ou o câncer, de permeio.
Se perpetramos crimes na pessoa dos nossos semelhantes, eis-nos à frente de mutilações dolorosas.
Se nos entregamos a extravagâncias da mesa, arcamos com ulcerações e gastralgias que persistem tanto tempo quanto se nos perdurem as alterações do veículo espiritual.
Se nos afeiçoamos ao alcoolismo ou ao abuso de entorpecentes, somos induzidos à loucura ou à idiotia seja onde for.
Se nos empenhamos em delitos de maledicência e calúnia, atravessamos vastos períodos de surdez ou mudez, precedidas ou seguidas por distonias correlatas.
Não. Além disso, é preciso contar com as probabilidades da obsessão, porquanto, cada vez que ofendemos aos que nos partilham a marcha atraímos, em prejuízo próprio, as vibrações de revolta ou desespero daqueles que se categorizam por vítimas de nossas ações impensadas.
Diante das provas inquietantes que se demoram conosco, aprendamos a refletir, para auxiliar, melhorar, amparar e servir aqueles que nos cercam.
Todos estamos no presente, com o ensejo de construir o futuro, mas envolvidos nas consequências do passado que nos é próprio. Isso porque tudo aquilo que a criatura semeie, isso mesmo colherá.
(Este capítulo foi psicografado por Francisco Cândido Xavier)
—Nos elos da consanguinidade, reavemos o convívio de todos aqueles que se nos associaram ao destino, pelos vínculos do bem ou do mal, através das portas benditas da reencarnação.
—Sim. Na esfera dos deveres comuns, o Espírito granjeia, através de abnegações e serviço espontâneo; valiosos recursos de ação, de modo a refundir, facilmente, os próprios caminhos.
—No caminho familiar, purificam-se impulsos e renovam-se decisões. Nele encontramos os estímulos ao trabalho e as tentações que nos comprovam as qualidades adquiridas, as alegrias que nos alentam e as dores que nos corrigem.
—Um dia, chegaremos a agradecer-lhes a colaboração, imitando o aluno que, incomodado na escola, se rejubila, mais tarde, por haver passado sob as atenções do professor exigente.
—Os grandes delitos operam na alma; estados indefiníveis de angústia e choque, daí nascendo a explicação lógica das enfermidades congênitas, às vezes inabordáveis a qualquer tratamento.
—Claramente, na educação individual e, evidenciando a reencarnação, destaca o impositivo da tolerância mútua, por terapêutica espiritual imediata, a fim de que os pontos nevrálgicos do indivíduo ou do grupo sejam definitivamente sanados.
—Recolher pedras de ingratidão por pétalas de carinho é heroísmo de muitos. Multidões respiram nesse câmbio, estranho de padecimentos morais, preferindo acomodar-se à hipnose da queixa. A ingratidão é sempre resultado da ignorância e para que a ingratidão alheia produza bênçãos redentoras em nós, é necessário prosseguir plantando entendimento e fraternidade na terra seca da incompreensão, de que muitos outros já desertaram.