Linha Duzentos

Capítulo XIV

Ante o Consolador prometido



Lembremo-nos de que Jesus, em nos prometendo a vinda do Consolador, (Jo 14:15) anunciava-nos, decerto, não a liberação milagrosa de nossos compromissos perante a Lei, mas sim a presença da luz que nos familiarizaria com a verdade.

E a verdade é que todos trazemos do pretérito obscuro certa herança de sombras que valem por dores difíceis de suportar na aflitiva liquidação de nossos erros.

Todos suplicamos, antes do aprendizado terreno, os elementos indispensáveis à própria restauração.

Aqui, é alguém que pede o cálice de moléstias amargas para a cura de complicados desequilíbrios do sentimento; ali, é um coração que roga ensejos de entendimento e renúncia, em favor dos outros, para atender à recuperação de si mesmo; enquanto que, mais além, há criaturas que imploram o reencontro com rudes adversários no reduto doméstico e irmãos que insistem por deter provas ásperas, no campo social em que sofrerão, de retorno, as ondas de crueldade que arrojaram de si, no culto ominoso do egoísmo e da vaidade.

Todavia, quando no Plano Físico, recebendo os recursos por que suspiram, tocam a desvairar-se na inconformação e no desespero, recusando, desorientados, o remédio que disputaram, a benefício da própria vida.

Temos, no entanto, na atualidade da Terra, por acréscimo de Misericórdia Divina, o grande explicador no Espiritismo Cristão, que nos consola e esclarece. Descortinando-nos a causa das aflições que nos ferem, descerra-nos horizontes sempre mais belos, para que não nos percamos no vale da indecisão.

Assim como o lavrador recebe o arado para rasgar abençoado sulco no solo, tanto quanto o aprendiz recolhe a lição para aproveitá-la, saibamos encontrar na fé que nos ampara a força necessária para a justa solução de nossas dívidas, a fim de que tracemos renovado caminho que nos conduza em paz à vitória da luz.