Efêmero é esse orgulho, homem, que guardas, Nesse mundo de angústias e de dores, Onde soluçam seres inferiores Entre milhões de células bastardas. É o teu dia de dor, grande e profundo, Sob o eterno mistério indevassado, — És o triste fantasma encarcerado — Nas leis organogênicas do mundo. O corpo, que é o teu gozo alto e triunfante, Que embelezas na Terra e em que presumes Uma taça de angélicos perfumes, É um vaso tenebroso e repugnante. Vive nas luzes, onde não se esbarra — A ventura que sonhas e desejas, Pois sobre o mundo a boca com que beijas É a mesma que vomita, cospe e escarra. Mas se vives na Terra, por teu mal, Cheio de sonho e dor, angústia e ânsia, Todas as lutas são a substância Do progresso infinito e universal. |