Lira Imortal

Capítulo XXXI

Reencarnação



Reencarnar-me?… Deixar a luz divina,

Justapondo-me a pútridos espermas,

Testemunhar a minha própria ruína.

E vestir-me de células enfermas…


Reviver solidões amargas e ermas

De um mundo a cuja face se destina

A descendência obscura dos palermas

Que em obras podres se desilumina?


Que destino infeliz, igualitário!

Recolher-me às excrescências de um ovário,

Sob um rude mistério incompreensível;


Verme do esquecimento em nove meses…

E ressurgir num invólucro de fezes;

Mas tudo isso é da lei intransgredível.