Achava-me ainda num colégio de meninas de Curso Ginasial, quando conheci Chico Xavier, através de rumoroso processo judicial movido contra ele e a Federação Espírita Brasileira pela família do escritor Humberto de Campos, em 1944.
Acompanhei com muito interesse todas as fases do processo, através da imprensa e admirei-me ao saber que ele entregava tanto quanto entrega ainda hoje, todos os livros psicografados por ele, gratuitamente, aos editores espíritas para divulgação e serviços de beneficência. Como era de se esperar a Justiça Brasileira na ocasião deu ganho de causa ao médium e à respeitada instituição sediada no Rio, então Capital da República.
Desde a ocasião em que nos referimos acompanho as atividades mediúnicas de Francisco Cândido Xavier com absoluta pontualidade.
Muitos casos, oriundos de sua mediunidade, tivemos a felicidade de presenciar e receber diversos recados dos Benfeitores Espirituais, consolando-nos pela perda dos entes queridos, como por exemplo, o que em seguida reproduziremos.
À nossa querida irmã e companheira de ideal, Maria Eunice, trazemos as notícias de nossa cara Iná, que se encontra em repouso terapêutico para a restauração integral das próprias forças. Conta com o apoio espiritual da companheira, e tem recebido todos os suportes mentais que a sua dedicação lhe endereça em forma de assistência espiritual.
Em março de 1976 fui testemunha da afirmativa da Sra. D. Aparecida Conceição Ferreira, fundadora do Lar da Caridade, ex-Hospital do Pênfigo, na cidade de Uberaba, que declarou, de público haver recebido a importância de Cr$ 140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros) das mãos de Francisco Cândido Xavier, importância esta que lhe fora doada pela Sra. D. Ida Góes, residente à Av. Oswaldo Cruz n.° 70, no Rio, para que fosse aplicada em favor dos nossos irmãos doentes na citada instituição. Impressionada com o assunto procurei saber o número do recibo de D. Aparecida Conceição Ferreira, conforme devia constar no Cadastro do Imposto de Renda e posso informar aos interessados que esse recibo tem o n° 768, datado de 1976.
Sou ainda testemunha pessoal de haver o Chico entregue a dádiva de cem alqueires de terras, que lhe foi feita por D. Consuelo Caiado, residente na antiga Capital de Goiás, doação essa da qual ele entregou metade à Comunhão Espírita Cristã de Uberaba, e a outra metade a uma comissão de espíritas distintos para a fundação do “Lar Fraternidade” na ex-metrópole Goiana. Considerando-se que em 1975, data da doação; essas terras valiam Cr$ 20.000,00 (vinte mil cruzeiros) por alqueire, Chico entregou espontaneamente dois milhões de cruzeiros para ambas as casas assistenciais.
Ainda em 1975, em dezoito de dezembro, participei de uma reunião em que a senhora Dona Margarida Magnabosco, residente na cidade Paulista de Santa Rita do Passa Quatro, ofertou a Chico Xavier a quantia de Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros), como presente de Natal, mas o médium conquanto agradecesse essa elevada importância, pediu que a mesma fosse confiada a uma comissão de espíritas da aludida cidade, para a criação da “Cantina Dalila” em que cada criança aí pudesse tomar diariamente um copo de leite. Até mesmo na aludida reunião formou-se a comissão composta do Sr. Brasil de Souza Prado e Sra. e do Sr. Flavio Camargo e Sra. e de Dona Elza de Camargo, residentes na mencionada cidade, sendo que esta Cantina já está funcionando com a distribuição de 300 copos de leite por dia, para as crianças de Sta. Rita.
Observando esses fatos, convidamos à atenção dos leitores para o estudo vivo da mediunidade e do desprendimento que conheço pessoalmente em Chico Xavier nosso querido orientador.
Sobre os fenômenos mediúnicos, de que a mediunidade de Chico Xavier tem fornecido amplos testemunhos, deixo o assunto a outros amigos nos depoimentos que naturalmente prestarão e também aos arquivos da imprensa.
Com respeito ainda à vida de Chico Xavier, a leitura ou releitura da coleção do “Reformador”, mensário da Federação Espírita Brasileira, do ano de 1958, em cujas páginas se pode obter amplo noticiário alusivo ao jovem Amauri Pena, desencarnado em julho de 1961 (notícia essa que também pode ser obtida na coleção do “Reformador” de 1
961) pode elucidar, a nosso ver, a transferência de Francisco Cândido Xavier, de Pedro Leopoldo para Uberaba, já que Chico foi sempre profundamente vinculado à família, que ele sempre tratou e trata com enorme respeito e profundo amor.
— Gostaria de passar a palavra ao meu esposo, Dr. Celso de Souza Meirelles, que poderá relatar fatos importantes sobre a vida do nosso querido médium Chico Xavier, pois também acompanha as obras e o trabalho do prezadíssimo amigo desde 1947, quando também participou no setor de trabalho nas exposições do Ministério da Agricultura, referentes à Pecuária Mineira, juntamente com o Dr. Rômulo Joviano, na qualidade de Médico Veterinário e juiz das Exposições Pecuárias.
Em 1947, segundo informações da família do Sr. Fred Figner, que foi um apóstolo espírita da caridade no Rio de Janeiro, esse amigo legou ao Chico a importância de cem mil cruzeiros, a que ele renunciou pedindo às filhas do Sr. Fred Figner, entregassem a importância em benefício do Departamento Editorial da Federação Espírita Brasileira, departamento este do qual o Sr. Fred Figner foi um dos fundadores. Note-se que o médium na ocasião recebia o vencimento mensal na repartição em que trabalhava de “duzentos e cinquenta cruzeiros” por mês, quando os juros dos cem mil cruzeiros lhe dariam Cr$ 500,00 mensalmente.
Em 1948 Chico Xavier foi presenteado com a importância de cinquenta contos de réis, pelo nosso confrade já desencarnado Coronel Arlindo Ribeiro, residente em Santos, Est. de São Paulo, à Rua Azevedo Sodré, 91, conforme informação do Dr. Rômulo Joviano, meu amigo, então chefe do médium em Pedro Leopoldo. Chico entregou a mencionada quantia em favor do Centro Espírita Luiz Gonzaga para compra e construção da sede do referido centro, em Pedro Leopoldo — Minas, plenamente desprendido da ideia da posse.
(Rua José Augusto Penteado, 104 - São Paulo, SP.)