O companheiro compareceu afobado à reunião e tão logo o Espírito Amigo se incorporou no médium, ei-lo a desfiar o longo pedido:
— Meu amigo, o meu problema é uma demanda sobre terras; minha fazenda é boa, mas tenho vizinhos a me atormentarem no caso dos limites. O direito é meu, entretanto, eles reclamam áreas que me pertencem… Já fomos a Juízo e a sentença no litígio não me favoreceu; ainda assim não me conformo. Estou lutando, mas vivo sob ameaças. Exigem que eu lhes reconheça os direitos indébitos para não me liquidarem com a morte…
Que devo fazer?
O orientador espiritual refletiu por momentos e fez a contra-pergunta:
— No princípio do mundo, de quem era a Terra?
Encabulado, o consulente respondeu:
— Com certeza, era de Deus, o Criador da Vida…
— Então — considerou o mentor — por que não procurar o ajuste, o acordo ou o diálogo que promovam a paz? Por que não ceder você à decisão da Justiça dos homens, demonstrando boa vontade e evitando maior gravidade no litígio?
— Mas… por quê? — indagou o querelante.
O Amigo Espiritual, porém, aclarou, sem titubear:
— Se a situação está nas condições que a sua palavra nos apresenta, com o crime à vista, convém pensar que a terra tem muito valor para você, enquanto você estiver por cima dela, mas se você for guardado por baixo do solo, a posse para você não terá valor algum.