Mãos Unidas

Capítulo XXIX

Fiéis sempre



Na equipe de serviço ao próximo, em que o Senhor te situou, aceitarás a nobreza de servir.

Muitos companheiros te falarão de obediência, incentivando o dissídio e outros muitos se referirão à prosperidade, apoiando a indolência.

Escutarás vozes diversas, apregoando renovação para se apagarem depois em desequilíbrio ou loucura e registrarás comovedores apelos à liberdade da parte de muitos que se encaminham para rebeldia ou licença.

A nenhum deles censurarás. Compadecer-te-ás não apenas de semelhantes vítimas da ilusão, mas igualmente dos empreiteiros do mal que entretecem, inadvertidamente, a rede da sombra a que se precipitam nossos irmãos, para despencarem, eles mesmos, um dia, no bojo das trevas expiatórias.


Atravessando a ventania da discórdia ou da violência, da incompreensão ou da indisciplina, guiarás o barco da própria fé, assegurando lealdade ao rumo escolhido.

Manterás, por isso mesmo, a paciência e a compaixão por alavancas de apoio no trabalho que o mundo te deu a efetuar e usarás a ferramenta de ação de que o Senhor te muniu, na seara do bem, amparando e elevando sempre.


De quando em quando, surgem os dias de tribulação maior na turma das boas obras, em cuja harmonia e eficiência deves colaborar.

Esse irmão foi surpreendido pelo sofrimento e aquietou-se à margem da estrada, sem coragem para seguir à frente.

Outro sonhou com realizações fantasistas e largou a construção em andamento, a fim de aprender que o tempo não confere autenticidade às edificações que não auxiliou a levantar.

Aquele outro preferiu descansar nas ilhas de imaginário repouso, atrasando o relógio da própria evolução.

Outro ainda admitiu que a tarefa espiritual lhe desprestigiava a dignidade e abandonou a oficina, atendendo ao influxo de ambições desmedidas, de cujos desencantos no futuro voltará para o recomeço na ciência do bem.

A todos bendirás e por todos orarás, consciente de que nenhum de nós, até agora, se acha isento de precipitação nos mesmos erros.


Em meio, porém, de todas as ilusões e desvarios, sustentarás o amor ao próximo, como sendo a luz de tua marcha e, leal à própria consciência, ouvirás, a cada passo, a voz do Eterno Amigo a repetir-te nos recessos do coração: — E, entre todos aqueles que me seguem ou me procuram, o maior será sempre aquele que se fizer de todos o fiel servidor. (Mc 9:35)