Mãos Unidas

Capítulo XLVIII

A caminho do Cristo




“Se algum quer vir após de mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me”. — Jesus (Mt 16:24)


Carregar nossa cruz, a caminho do Cristo, será abraçar as responsabilidades que nos cabem, no setor de trabalho que ele próprio nos confiou.

E, na adesão ao compromisso esposado, urge não esquecer que as nossas dificuldades podem ser modificadas, mas não extintas.


Sem obstáculos, cairíamos na inércia. E é forçoso avançar sem esmorecer para evoluir.

Em quaisquer circunstâncias, cumpre-nos trabalhar, aceitando-nos com as imperfeições que ainda trazemos, realizando o melhor ao nosso alcance, a perceber que sem o conhecimento de nossas próprias fraquezas, tombaríamos no orgulho.

Ouvir remoques e reprovações, aguentando os aguilhões candentes da acusação e da crítica, aprendendo que sem isso, não conseguiríamos efetuar os nossos singelos exercícios de paciência e de humildade.

Reconhecer, em todos os empeços da estrada, que transitória incompreensão alheia é parte importante do programa.

De quando a quando, ela nos sacode as construções espirituais, verificando-lhes a firmeza. E, às vezes, em semelhante, prova, nos desnuda a solidão.

Entretanto, é preciso seja assim. De tempos a tempos, é imperioso atravessar a solidão, a fim de que sejamos impulsionados ao esforço máximo, porque, sem esforço máximo, não obteríamos a desejada renovação.

Contradições teremos sempre, de vez que as contradições nos obrigam ao estudo e, sem estudo, o raciocínio se nos jaz ao nível da rigidez espiritual.

Chamados a amar e auxiliar aos que se nos opõem, é necessário amá-los e auxiliá-los com a tolerância e a bondade com que o Divino Mestre nos amou e auxiliou, incessantemente, enquanto nos opúnhamos a ele.

Para nós que aceitamos a jornada para a integração com Jesus, não há possibilidade de recuo, porque a desistência da luta pela vitória do bem significa perturbação e não equilíbrio, rebeldia e não fé.


Em suma, carregar nossa cruz será, desse modo, romper com os milênios de animalidade em que se nos sedimenta a estrutura da alma, principiando por acender as possíveis réstias de luz na selva de nossos próprios instintos, recebendo, pela fidelidade ao serviço, a honra de trabalhar, em Seu Nome, não através de méritos que ainda não possuímos, mas em razão da misericórdia, da pura misericórdia que Ele nos concedeu.