Mãos Unidas - capa

Mãos Unidas

Capítulo XIV
Ilustração tribal

Liberdade alheia



Sempre que exercemos influência sobre alguém que renteia conosco nos caminhos da madureza, seja na condição de pais ou mentores, familiares ou amigos, é muito fácil ultrapassar os limites da conveniência travando naqueles que mais amamos os movimentos com que se dirigem para a liberdade.

Pratiquemos, sim, a beneficência da educação procurando orientar, instruir e corrigir amando sempre, mas sem violentar e sem impor.


Costumamos providenciar tudo a benefício dos entes queridos quanto ao aprovisionamento de recursos naturais, esquecendo-nos, porém, bastas vezes, de doar-lhes a oportunidade de serem como devem ser.

Nesse sentido, vasculhemos o próprio espírito e verificaremos quanto estimamos a faculdade de sermos nós próprios,

de abraçar as crenças que se nos mostrem mais consentâneas com a capacidade de discernir,

de sermos respeitados nas decisões que assumimos,

de buscar o tipo de felicidade que mais se nos coadune com a paz de espírito,

de escolher os amigos que nos pareçam mais dignos de atenção ou de afeto.


Ainda quando nos enganemos, sabemos aproveitar a lição para subir na escala de nossa adaptação à realidade, debitando-nos os erros e fracassos, com que sejamos defrontados sem razão para nos queixarmos dos outros.


Meçamos a necessidade de emancipação no próximo pelo nosso próprio anseio de independência e sempre que nos caia sob os olhos qualquer estudo em torno da indulgência recordemos a dádiva preciosa que todos os nossos companheiros de experiência esperam de nós em aflitivo silêncio; a permissão de cogitarem do seu próprio aperfeiçoamento na escola permanente da vida tão autênticos e tão livres como Deus os fez.