Mãos Unidas

Capítulo XXV

Sobrevivência



Enquanto encarnados no Planeta Terrestre, um tipo de sobrevivência nos interessa, sobremaneira, além daquele para o qual se nos dirigem os pensamentos para lá da morte física: — a sobrevivência, depois de rudes golpes sofridos. Particularmente, no mundo moral, semelhantes provas repontam com frequência.

É o prejuízo inesperado, a confiança escarnecida, a perseguição com que se não contava, a incompreensão de pessoas queridas.

Noutros lances da existência, é a ruptura de laços afetivos, a transformação violenta que os desastres impõem, o obstáculo imprevisto, os pensamentos da solidão.

Em todos esses episódios amargos, lembrando trechos incendiados de caminho, a criatura é habitualmente induzida a processos de angústia dos quais se retira, quase sempre em perigoso desgaste.

Urge reconhecer que a serenidade nos deve partilhar a viagem terrena, a fim de que a aflição não se nos faça exaustor de energias.

Abstenhamo-nos da tensão emocional, como quem se previne contra a incursão de moléstia grave; os agentes imunológicos, nesse sentido, são sempre o amor que desterra o ódio, a paciência que exclui a irritação, a humildade que afasta a inveja e a prestação de serviço que anula a desconfiança.

Aprendamos a observar que o desequilíbrio é precursor provável de doença que, não raro, termina com a desencarnação prematura e procuremos certificar-nos de que, nas lutas com que somos testados, na Terra e fora da Terra, na escola da experiência, é necessário saibamos não somente a viver e aperfeiçoar, mas também a suportar e sobreviver.