Acompanharás tua fé, traduzindo-a em serviço aos semelhantes, como a fonte que se confia ao próprio curso, guardando a bondade por destino.
Grandes e pequenas ocorrências desfavoráveis sobrevirão, induzindo-te a instaurar no mundo íntimo a revolução dos instintos amotinados, qual se devesses quebrar, em sinistra crise de revolta, a escada que a vida te destinou à escalada para os Céus. Entretanto, ainda quando tenhas de comprar o teu equilíbrio a preço de lágrimas, pagarás o tributo, sem perder a visão da eternidade que a todos nos envolve em sua flama inextinguível.
No claro caminho que te foi reservado, perceberás os lamentos e as injúrias daqueles que acreditaram na elevação sem trabalho e se acharam esbulhados pela própria rebeldia, na vala do desencanto, e aqueles outros que transformaram a liberdade em passaporte para a demolição, acabando angustiados na descrença que geraram para si mesmos.
Transitarás, auxiliando e construindo, entre os que se emparceiraram com a violência ou que se deterioraram pela cartilha da desagregação, e serás, por tua fé, o alento dos que choram, a esperança dos tristes, a faísca de sol para os que atravessam a longa noite da penúria, o apoio dos amargurados, a abnegação que não teme estender o braço providencial aos caídos, o bálsamo dos que tombaram e se feriram sem rumo.
Concorda com os desígnios de Deus, que colocou a flor na erva com o mesmo amor com que acendeu a estrela no firmamento, e segue adiante, em teu apostolado renovador, na certeza de que não há lugar e nem dificuldade que o Todo-Misericordioso desconheça.
Tua fé — tua armadura e teu crisol. Com ela te defenderás contra as arremetidas da sombra e, por ela, te purificarás, através da lealdade ao Bem Eterno, tantas vezes marcada a fogo de sofrimento. Será ela, por fim, o teu guia para o ingresso na suprema redenção, exigindo, todavia, para semelhante vitória, que te disponhas a abençoar incessantemente e a servir sem esmorecer.