Notícias do Além

Capítulo IV

A visita da poesia



Irmão, aqui estou! Abre-me a porta

Da boa casa de tu’alma e abriga

Quem chegou com a esperança que conforta

E uma palavra amiga!


Só quero que me escutes um instante,

Não mais desejo que falar de amor!

Tenho na voz a música fragrante

Da brisa sobre a flor!


Assim eu te procuro… sei que choras,

Que é muito grande a tua solidão,

Como infinitas são as tuas horas

Tecidas de aflição!


Toma, pois, do meu cálice e renova

A Fé que te erguerá em tua dor.

Transborda a minha taça da luz nova,

Que é vinho do Senhor!


Deixa, então, que em teus olhos amanheça

Um novo dia, ao sol da confiança…

E em todos os caminhos resplandeça

Em nome da Esperança!


Vamos, abre-me a porta de tu’alma,

As almas tristes são mais generosas.

Minha oferenda é bálsamo que acalma

Como as mãos piedosas!


Aqui estou. Confia-me, afinal,

Teu coração e juntos seguiremos!

Nos caminhos do Amor não reina o mal,

Por ali andaremos!…


Quem sou? A voz da vida clara e bela,

E é em meu seio que a dor se refugia!

Perdoa-me a roupagem tão singela,

Sou tua Irmã Poesia!