Opinião espírita

Capítulo XXII

Função mediúnica




Mediunidade é igual ao trabalho: acessível a todos.

Entretanto, qual ocorre ao trabalho, é forçoso que o servidor dela seja leal ao próprio dever, para que a obra alcance os fins em vista.

O mais humilde dos utensílios tem qualidades polimórficas.

Qualquer médium também é suscetível de ser mobilizado, na produção de fenômenos múltiplos, favorecendo pesquisas e observações, com algum proveito, mas se quisermos rendimento medianímico, seguro e incessante, na composição doutrinária do Espiritismo, cada tarefeiro da mediunidade, embora pronto a colaborar, seja onde for, no levantamento do bem, é convidado logicamente a consagrar-se à própria função, conquanto possua faculdades diversas, amando-a, estudando-a, desenvolvendo-a e praticando-a, no serviço ao próximo, que será sempre serviço a nós mesmos.


Se fomos chamados a ensinar, através da palavra falada, aprimoremos a emoção e selecionemos a frase, para que os instrutores da Vida Maior nos utilizem o verbo, por agente de luz, construindo esclarecimento e consolação nos que ouvem;

se designados a escrever, façamos em nós bastante silêncio interior, a fim de que a voz do mundo espiritual se manifeste por nossas mãos, instruindo a quem lê;

se indicados ao labor curativo, sustentemos o magnetismo pessoal tão limpo quanto possível, para que os emissários celestes nos empreguem as energias no socorro aos doentes;

se trazidos a cooperar na desobsessão, mantenhamos o pensamento liberto de ideias preconcebidas, a fim de que os benfeitores desencarnados nos encontrem capazes da enfermagem precisa, no amparo aos companheiros desorientados e sofredores, sem criar-lhes problemas…


Mero ferrolho, deve estar no lugar próprio, para atender à serventia que se lhe roga dentro de casa.

Simples fio, para canalizar os préstimos da eletricidade, necessita ajustar-se à ligação correta, de modo a garantir a passagem da força.

Sobretudo, é imperioso recordar que todos podemos ser medianeiros do bem, sob a inspiração de Jesus, honorificando encargos e responsabilidades, em posição certa, no plano de construção da felicidade geral.

É por isso que ele, o Cristo de Deus, não nos disse que o maior no reino dos Céus será quem saiba fazer tudo, mas sim aquele que se fizer o servo leal de todos. (Lc 22:26)




(Psicografia de Francisco C. Xavier)